terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Sem dizer tchau

Quando ela saiu do quarto vestindo o vestido preto com bolinhas brancas que ele tanto gostava, as duas malas, uma em cada mão, não combinavam com a cena, ela estava linda, perfeitamente arrumada, o laço combinando com o vestido, o batom vermelho, que ele adorava e o salto quinze.

Todas as luzes do apartamento estavam apagadas e enquanto os relâmpagos da tempestade iluminavam toda a sala, ele parecia não acreditar no que estava vendo. A única reação que teve foi tirar os pés de cima da mesa de centro, que já tinha pra mais de dez garrafas de cerveja vazias e o cachimbo apagado descansando ali.

Tocava ♪"billie holiday - gloomy sunday"♫ repetidas vezes enquanto ele olhava atônito para a porta, enxugou os olhos, olhou para ela como quem acaba de se levantar de um nocaute. Foi andando lentamente em sua direção e tentou abracá-la, negado, ela sequer levantou os braços, enquanto engolia seco, ela já não conseguia mais sequer aguentar o cheiro dele.

            "Eu cansei das suas mentiras, cansei de você saindo todas as malditas noites como se eu não fosse entender, o problema não eram as outras, o problema eram as mentiras. Meu coração deve ter mais cicatrizes do que qualquer veterano de guerra, eu queria ir embora sem você estar aqui, eu queria ir embora sem dizer tchau, não para te poupar de nada, mas para me poupar de seu maldito teatro hipócrita de pseudoamor"

As palavras dela soaram como tiro no seu peito, ele olhava para aquela mulher que um dia foi tudo que ele podia ter de amor em sua vida e agora estava totalmente descrente do que ouvia, aquela boca que tanto o beijou, aquele corpo que tanto o amou, agora apenas o machucava. 

Ela já não aguentava mais, já não podia mais suportar nada, as malas já estavam prontas há muito tempo, a coragem foi que chegou depois, o amor foi quem saiu primeiro. Não levava nada que trouxesse qualquer lembrança dele, sequer o amor, não era uma despedida, era um corte, um rompimento, uma mudança brusca e violenta de direção.

Ele parou de abraçá-la, deu um passo pra trás, a encarou pela última vez, olhou para a varanda do apartamento no vigésimo andar. Iria se jogar, os olhos desaguando em lágrimas de uma tonelada, com mais de um milhão de tristezas e lembranças em cada palavra muda que ele não gritava.


     "Se você for se jogar vai chegar mais rápido do que o elevador lá em baixo, aproveite então e se jogue com as malas e quando chegar lá em baixo as coloque no porta-malas do táxi pra mim, por favor"

Depois saiu e fechou a porta, levando as malas, ele não iria se jogar. Foi embora sem dizer tchau, sem despedida, só não pôde ser poupada do maldito teatro de pseudoamor que ele fez.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Cinzenta sexta clara

"O céu com nuvens cinzentas que descarregam toda a mágoa de um ano inteiro em plena a sexta feira"

Em dias assim lembranças vem e vão, você anda pela casa, come alguma coisa, senta na frente do computador, procura o que fazer... As vezes é melhor não fazer nada, olhar os pingos batendo na janela, apagar as luzes e curtir os relâmpagos iluminando todo o quarto, enquanto os trovões estremecem as paredes, como aquela velha voz lhe estremece quando fala bem de perto.

Existe aquela vontade de estar perto daquele sorriso de novo, vai ver a sexta feira tá tão cinza por isso... Ela nem sabe, mas plantou semente no solo fértil da minha cabeça, a chuva veio para essa semente brotar e crescer, mas só brota depois que o sol chegar, se o sol chegar... 

"Será que ela parou de sorrir?"

Eu gosto da chuva, gosto quando ela vem acompanhada de um vento que diminui um pouco a temperatura, trazendo uma sensação de calma e de paz, fazendo você entrar por debaixo das cobertas e apenas se entregar ao não fazer nada, as vezes é preciso chover assim na gente. 
       

                  "As vezes um banho de chuva lava a alma"

Mas em meio a tanto cinza mais cedo ou mais tarde a chuva vai passar, os raios de sol virão, trazendo a sensação de vida para muitos e de inquietação em mim, mas é necessário, é preciso que o sol venha para que a alma que a chuva lavou esteja pronta para viver o que ainda não viveu, afinal tudo que a chuva levou embora deixou muito espaço para que coisas novas floresçam nessa nova alma, que agora precisa de sol para entender o que é luz.
    

         "O sol voltou, será que ela sorriu de novo?" 

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Fotofobia

Era minha casa, meu quarto, mas o vestido amarelo jogado no chão deixava bem claro quem era a dona daquele lugar. Como vou esquecer aquela cena? Você entrando pelo quarto, só de calcinha, comendo um pão e segurando um copo de suco, como se tudo fosse tão banal quanto um lanche. Ainda lembro de você levantando e tomando um pequeno susto porque eu já estava acordado. 
    
    "Oxe! Por que não me acordou também?"

O nosso sexo era sempre muito bom, a forma como nossos corpos se completavam, o jeito como você me olhava, suas unhas rasgando a minha pele e seus dentes cravados na minha alma, depois as gotas do chuveiro fazendo o papel de reavivarem a dor e a lembrança viva de você. O jeito como você dispensa o cobertor e jogava sua perna encima de mim, falava no meu ouvido: "Pra que pano se temos nossos corpos?" 

Era tudo muito estranho, a forma como as vontades um do outro iam sendo atendidas apenas pelos olhares e gestos, os pequenos sons indicando que tudo estava sendo muito bem feito e os peitos que se encostavam dando pra sentir o reflexo das batidas aceleradas dos músculos cardíacos frenéticos e desesperados. 

   "Mas eu gostava mesmo era do jeito que as nossas testas se encontravam, fazendo as nossas almas se beijarem" 

Era o presente com a sua capacidade de ser futuro e passado ao mesmo tempo que nos regia, nos guiava, eu odiava quando ele era futuro e odeio agora que ele é passado, preferia quando era presente, só presente, nosso presente. 

Estávamos como corpos celestes alinhados, causando espanto em todos, gerando místicas e até fundando religiões enquanto na verdade era apenas parte do nosso movimento natural, nos alinharmos e depois sairmos do alinhamento, como dois corpos celestes que ocupam seus lugares no espaço e se encontram de períodos em períodos para fazer o fantástico acontecer.

E então um dia tudo se foi, mais uma vez estávamos fora do alinhamento, agora repousa em outros lugares, se alinha a outros planetas e se faz dona de outras casas, as vezes volta, as vezes eu não quero que volte, atendia ao meu pedido pra não brilhar tanto, tenho fotofobia. Falando nisso, aproveita que você tá saindo e apaga a luz, por favor.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Sentir o não sentimento

Não sente fome, não sente sono, não sente nada. Não é fácil, não é difícil, não é nada. Não faz pensar, não faz agir, não faz correr, não faz parar. Não tem como ser medido, ser calculado, ser entendido. É o ET, o diferente, já viveu muitas vidas, aguenta tudo. Fala tudo que ninguém fala, vive do jeito que ninguém vive, passa por todas as coisas antes de todo mundo e sempre tem uma palavra pra dar.

A razão, a emoção, o amigo, o irmão, o amante, o ninguém. O apoio, a muleta, o fiel conselheiro, a loucura em pessoa, o centro de toda esperança. O bom beijo, as costas a serem arranhadas, a gota d'água. A passagem das fazes ruins, o estranho, rejeitado, desejado.

O desejo de toda paz, amor e luz para todx, o tempo todo. Tudo que se faz por alguém, sem esperar a volta, tudo que se viu em relatos loucos, sem esperar pelo entendimento. O que sente sem sentir, o que passa sem passar, está aqui e não está, em todos os lugares e em lugar nenhum.

Existindo sem existir, o tempo todo. Passando o tempo para si e para todx, para ninguém e para alguns. A vida e morte em um pedaço de alma longo e arranhado, alguém que não passa onde todos passam e anda por onde ninguém foi. Alguém que sente o que não existe e existe o que não sente.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Allegro sem dó

A novidade veio dar na praia de minh'alma, vieram loucas, as novidades, todas elas, enchendo tudo de muita vida. Em qualidade rara de sereias, várias sereias, ai ai, as sereias. Me pegam, pobre navegante perdido nesse mar sem dono dos amores. Ah, os amores, tantos e cada um com seu encanto, cada um com sua verdade, sem mentiras nem vaidade, o ciúme é só vaidade.

Tudo está tão calmo hoje que chego até a estranhar, até o vento está batendo devagar na janela, mas, não faz calor. O ventilador ligado forma uma espécie de canção de ninar, como uma sinfonia louca do sono. O ritmo pesado das batidas do meu coração marcam o estranho tic-tac de momentos felizes, não, eu não sou feliz, eu estou feliz, é bem diferente. 

Se você tem a felicidade como objetivo final, sinto muito em lhe dizer mas você vai morrer sem alcançar o seu objetivo. Pessoas não são felizes, nem tristes, elas ficam felizes, são momentos, alegrias que se encaradas dessa forma, devem ser aproveitadas até o última gota, como uma bebida ou uma comida que você sabe que raramente vai encontrar de novo.

As tristezas também vem, são inerentes, fazem parte de nós, entretanto alegre-se mais, cultive alegrias e felicidades. As tristezas? Deixe-as passar, elas irão passar. Seja senhor do seu sorriso, dono da sua cabeça, evite achar que tudo isso depende de elementos externos a você.

Eu guardo as memórias com carinho, com cuidado, na liberdade do amor eu venho cultivando memórias belíssimas. Algumas são tão rápidas, como um raio, brutal, intenso, forte... Caiu e pronto...Caiu e pronto. Outras são gostosas, lentas, tem sabores, cores, cheiros e sons, tem cheiro de praia com nascer do sol e gosto de gentileza com novidade. 

Alegre-se sem dó nem piedade da sua tristeza, viva-se, viva ser! Se pergunte, se ajeite e se aproveite, eu garanto que você vai se adorar. Evite as coisas ruins, evite o apego, ele é uma doença, ame, ame muito, ame descontroladamente, ame descaradamente e se um dia alguém te desamar, por favor, ame mais e mais. Enfeite o seu caminho ao som dos allegros da sua felicidade que as outras felicidades irão te procurar e no encontro das felicidades alheias não seja alheio ao seu próprio caminho mas não se importe em entrar por caminhos outros.

Hoje foi um dia comum aparentemente, até agora nada, ou até agora tudo, até agora eu, agora até o mundo. O lago profundo da normalidade resolveu se estabelecer no hoje, apenas no hoje, tudo muito normal, tão normal que chega a ser anormal. E ainda todos esses filmes alegres que não param de se repetir. Hoje mais um dia normal, alegremente normal, felizmente normal.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Próximos

Foram quatro anos, do primeiro olhar sem volta até as primeiras palavras trocadas, de um menino bobo sem muito a dizer para um novo menino, ainda bobo, com um pouco mais de histórias pra contar. Foram cinco anos, do primeiro olhar sem volta até o primeiro beijo... Até a primeira vez entregues de fato.

Um sentimento torto, complicado mesmo de entender mas nem um pouco complicado de viver, aproveitar, estar dentro. É amizade, de fato é mas é um pouco mais, esse um pouco mais é aquela parte gostosa que a gente não entende nada mas AMA viver.

Pouco tamanho, muitas coisas na cabeça e no coração, até demais e aqueles olhos verdes, onde é muito fácil se perder, profundidade imensa, chega dá medo de se afogar. Se os olhos são de fato a janela da alma, por trás daqueles olhos verdes existe uma das almas mais lindas que eu já vi.

Foram dois anos afastados, coisas da cabeça e do coração, coisa de quem não sabe o que fazer com o que tem nas mãos ou está em outras mãos. Esse tempo sem estar próximos foi bom, eu vivi um amor, cresci e apesar de ainda ser bobo (Eu nunca vou deixar de ser bobo) Passo longe dos dois meninos, tanto o que você conheceu quanto o que só te olhava.

Mas voltamos a ser próximos, você já sabe disso tudo. Próximos de novo estamos mais juntos, mais perto, mais amigos e mais...Mais. São olhos, mãos, bocas, testas e corpos inteiros bem próximos e eu espero que pelos próximos anos nós continuemos assim, bem próximos.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Na certeza do nada

Eu que sou apenas espaço vazio com estruturas invisíveis que ligam as minhas moléculas subatômicas formando esse meu corpo carnal, eu consigo ver o vazio, pensar no vazio, estar no vazio. Camadas e camadas de alma humana, incerta, incoerente, aparentemente ser humano complexo bioquimiometafísico, apenas uma grande cebola, cheio de camadas e camadas, de pedaços do mosaico da vida que ao final só tem vazio. 

Entre todas as incertezas da vida eu só corro atrás da certeza do nada, do som do silêncio, da visão cega que abrange o tempo não existente no centro do buraco negro. Viajando em pontes de Einstein-Rosen pelas galáxias da aura louca que segue perdida na busca pela chave do nada.

O nada é como o sol, que te dá vida se na distância correta mas te mata se perto ou longe demais, percorrendo o caminho de grama fluorescente daqueles que estão ao meu redor, o nada me faz devorar o tudo, porque afinal o que é o tudo se não um grande nada apenas esperando para ser encontrado?!

Eu me defendo com um escudo feito com os amores de todos que me cercam, rebato tristeza com luz, a todos aqueles que por um acaso tem enfraquecida suas chamas pelas malditas mazelas desse tudo que é a vida humana. 

Encho a vida por aí de abraços apertados, eu te vejo gente, te vejo receptáculo pronto para receber um abraço cósmico. Se um dia eu te oferecer nada, saiba que estou te oferecendo tudo e se você me ver vazio saiba que de fato você me viu gente, assim como vejo você.


segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Sincronia solar

Parecia até que o sol tinha adivinhado naquele dia que nós dois estávamos em sincronia, pensamentos afastados fisicamente mas em permanente encontro quântico e porque não astrofísico? Do primeiro "Oi" no início do encontro ao primeiro beijo com o sol tocando a barra do mar para fazer carinho nas ondas, as conversas dos mais perfeitos temas faziam carinho nas nossas cabeças.

Aquele beijo quase de surpresa com aquele gosto de cravo pequeno e desejo de três anos atrás, o vestidinho que circundava aquelas pernas lindas que caminhando ou paradas realizam o mais perfeito movimento de ondas elétricas pelo meu corpo. 

A sábia sabia dos meus olhares mas ainda não sabia das minhas mãos e da minha boca. Depois do sol ir embora, em boa hora assim como o astro rei, nós fomos para um outro lugar ou foi outro lugar que veio até nós? Sei que os abraços, as mãos, os beijos (Ah aquele beijo Almodovár) Que dava vontade de não descolar a boca, que dava vontade de não descolar.

Enfim mas não ao fim, era a praia, o céu perfeito e o sol que nos deixou na sua despedida, agora nos presenciava na sua volta. Deitados, entrelaçados, quase perdidos porém encontrados um pelo outro. E diga lá coração, quando é que vou sentir esse toque de sua mão? Agora que aprendeu a ter asas, voa! Mas dia desses, pousa aqui na minha casa?

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

A vontade há vontades

Quando você me deixou tão a vontade houve a vontade de muitas coisas mas todas elas ficaram contidas na minha fértil mente. Quando eu estava desconfortavelmente relaxado, tirando e colocando meu boné achando que isso iria me ajudar a não pensar besteiras pra falar com você.

Quando as vezes meu olhar cruzava no seu, meu cérebro dava choques. A velocidade com que o tempo passou chegou a ser injusta, estranho, muito estranho, as vezes é só a surpresa de uma presença tão boa que você tem vontade de não fazer mais nada e passar as horas ali.

Depois de tanto, de tantas vivências, ter alguém que ainda faz suas mãos suarem e te deixa sem saber o que pensar pra falar, alguém que ainda lhe exige improvisos e gestos nervosos, alguém que vai pra outra dimensão com você mas precisa voltar poque sair dessa dimensão aqui pode ser muito perigoso.

O despertar das melhores vontades e até de um desejo de mudança de hábitos por alguém simples, singelo e encantador, pode ser uma das melhores coisas na vida de quem já correu demais, já viu demais, já falou demais. 

As vezes só faltava alguém que te deixasse a vontade, e que você percebesse que há vontade de estar com esse alguém, mesmo sabendo se ele sequer vai estar com você, é tudo um risco e é tudo um desejo é tudo um nada e de nada serviria tudo isso se fosse pra não ficar a vontade. Em relação a mim, se há vontade, por favor, fique a vontade.


domingo, 10 de novembro de 2013

Sem açúcar, por favor

Acordei cedo, café forte e sem açúcar pra espantar o sono, a saudade amarga que me invade feito um bônus de estar vivo. Comprei uma pistola d'água de amor pra ver se mato essa sede de amar você. Espreguicei o ódio para longe, fiz um mantra com seus nomes e depois risquei todos os velhos nomes do caderno e descobri que atualmente o caderno ainda tem nomes demais.

Tomei um banho de paz pra poder enfrentar o dia mas a saudade de você me perseguia, sem guia eu passei em cada esquina da esquizofrenia aguda de ver vocês em todo lugar. As feridas sentimentais trazidas estão todas infeccionadas e saindo sangue e pus, é preciso tratá-las para que no mínimo ao final de tudo isso consigamos pelo menos andar sozinhos.

Na insônia da solidão eu acordei no meio da madrugada pensando em toda a vontade de que as suas pernas estivessem gostosamente entrelaçadas na minha cintura. Acordei cedo, café forte e sem açúcar pra espantar o sono, desnecessário, a saudade de vocês já me deixam acordado o bastante.

Bendita droga que meu corpo pede, vicio constante de estar em constante mudança, a minha vida no singular não existe. Tem que ser vocês, tem que ser de vez, tem que ser intenso, tem que me fazer escrever do nada, no meio da madrugada. 

De plural em plural eu vou singularizando a minha vivência e quase que sem consciência vou colocando propositalmente os pés pelas mãos só pra ver até onde eu consigo me dobrar e me desdobro só pra ver os sorrisos, sejam eles fortes e sem açúcar ou com leite e muito mel.

Acordei cedo, café forte e sem açúcar pra espantar o sono, um bom suco de maracujá pra espantar a insônia que bota culpa no café mas na verdade é tudo culpa da minha cabeça.

♪"Era um sentimento muito engraçado
  Era incorreto e atrapalhado
  Mas era feito com muito esmero
  Esquina da desilusão, cérebro com o coração
  Número zero"♫

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Muito mais que carne e um pouco mais que osso

E era como se lhe rasgasse a alma toda vez que ela cravava as unhas em suas costas. Se afogava sem desespero no desejo desesperado por seu beijos encantados. Era feliz aprisionado no seu olhar de calabouço que calava profundamente aquele sentimento arrancado de um bolso sem fundo das cavas das válvulas do maldito coração. Era o nome dela que corria nos labirintos infindos das sinapses dos seus neurônios em uma repetição louca de tudo que há de mais coerente na incoerência daquelas sensações. 

Era nos cabelos dela que ele se amarrava todas as noites para não despencar da sua cama de estrelas flamejantes saídas diretamente da pupila dilatada dos olhos do seu amor. Em suas curvas batia e se despedaçava dirigindo embriagado pela paixão do seu quadril maravilhoso. Se alimentava no seu seio, achando que podia curar os seus anseios de ser homem para toda aquela mulher. 

Percorria abestalhadamente todo o seu corpo nu deitado de costas enquanto o seu cérebro não deixava ele esquecer o copo de Whisky na mão, para o mesmo não vir ao chão. Era da boca daquela mulher que ele ouvia os mais perfeitos sons, com ou sem sentido, que o deixavam surdo para o maldito mundo que existia além das paredes do apartamento apertado, que sem vizinhos ao lado, fazia o silêncio perfeito para que ele pudesse apenas a ela escutar. 

Era naqueles ouvidos que as suas lindas palavras eram depositadas em verdades subjetivas que só ela merecia escutar. Foi naquela alma que ele depositou toda a sua vida o único direito de amar e foi assim do dia em que seus olhos se cruzaram até o último suspirar.

sábado, 2 de novembro de 2013

Meu? Seu?

Então me diga, quem pertence a você? E você, pertence a quem? Sinceramente, justificas posse com suposto amor, achas que porque uma mente roda ao teu redor ela é tua? Não, não é. Seres humanos são seres complexos, que para além da matéria biológica são feitos de histórias, boas e ruins, sorrisos, lágrimas e conversas sem sentido algum. 

Há quem tente segurar, manter-ser firme, mas está cercado, obcecado pelo mundo maldito que o formou. Ser possessivo, ver aquele o qual tu dedicas o teu sentimento como alvo da sua posse, pobre sofredor coração formado por um "Dysneiano" mundo... Todo sentimento humano é uma experiência única e individual que corre o risco gostoso de encontrar reciprocidade no outro. Caso contrário, não justifica posse, não justifica montar castelos de baralhos que vão cair na sua primeira desilusão, você não pode adivinhar a vontade do outro, só pode torcer pra ser a mesma que a sua e se não for, saiba deixar toda vontade ir, outras virão (Sempre vem).

A liberdade de ver alguém que se ama, feliz, radiante, dando pulos, é incrível, saber reconhecer que as suas necessidades não são as do outro, passar um bom tempo se dedicando a si mesmo, dedicando cuidado a quebra de tudo que foi posto na sua mente desde sempre e então renascer, novo de novo. Doar-se sem esperar a volta, apenas gratidão, estar no lugar da alegria daquele ou daqueles, sim, por que não? Daqueles que de fato o teu sentimento parte, e entender a alegria de saber que o pronome possessivo não lhes cabem. 

Existe o dia em que toda a reciprocidade acontece e é lindo, livres voadores que pousam juntos, e repousam, e se complementam, e se entendem, e desentendem como ninguém, como quem está sempre a falar: não sou seu, não és meu, somos de nós o que de nós somos, apenas nós que se encontram em mente e coração, não mais sozinhos, sem pertencer pertencendo. Sempre nós dois a sós. E quem pertence a alguém de nós? Somente a verdade das paredes e dos lençóis.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Grato

Eu só queria agradecer, agradecer a todas as pessoas incríveis que estão na minha vida a muito tempo e a todas que chegaram por agora e com certeza já tem lugar cativo, a todos que me ensinaram muito, todos os dias, a aqueles que dizem aprender comigo, não sei o que mas se dizem.

Agradecer a todos que se esforçam pra me entender, eu sei que não é fácil. A todas essas pessoas que me fazem muito bem, todos os dias ou de encontros em encontros, não importa. É só quando você sabe que mesmo que muita coisa desabe você vai ter a quem falar: Muito obrigado por tudo.

Agradecer a todos que me agradecem, mesmo eu fazendo as coisas sem esperar volta, no mínimo gratidão eu espero e quando ela vem eu fico muito feliz. A todos vocês o meu muito obrigado, pelas boas energias que partem dos abraços, dos bons votos, de lembrar de uma forma carinhosa.

Agradecer aos meus amores de esquina e aos meus amores de vida, vocês me fazem sentir humano, agradecer até a quem me deixou em certas "bads", vocês me fizeram escrever bons textos e ter boas reflexões dos meus próprios efeitos e defeitos.

E por fim, gostaria que quem está lendo e agradecendo lembrasse de agradecer aos ingratos, sem eles não saberíamos valorizar tanto o sentimento de agradecer, sem eles não saberíamos dar valor devido as pessoas que nos cercam de uma forma boa. A todos, muito obrigado.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Encontros e encontros

A vida se faz recheadas de encontros, sejam eles encontros monótonos e enjoativos ou de encontros memoráveis e bonitos. Não importa qual seja o encontro eles sempre são colocados nas mãos do acaso, eu que sempre duvidei disso dessa vez não consigo pensar de outra forma. Quando é uma coisa de touro com escorpião num domingo aparentemente comum, não tem como você não achar que o universo conspira.

Sabe quando você começa a falar e não quer mais parar e a cada conversa você vai descobrindo que aquele encontro foi de certa forma uma maneira estranha da vida te avisar: "Ei! Existem outras pessoas por aí, preste a atenção nos detalhes" ? Pois é, bateu, de uma forma boa e até engraçada, de um jeito que no dia seguinte eu já queria correr pra sua casa só pra continuar as conversas que sempre terminam sem um fim.

Os encontros e encontros da vida são assim, a forma constante está sempre inconstante e cada pessoa é um pedacinho de você a mais ou a menos que vai ficando pelas conversas, sorrisos e insinuações. Certos encontros podem virar desencontros numa boa, outros não, nem vão, os indivíduos não permitem, se estiver dando medo é bom, sinal de que não rola uma coisa qualquer. Neste caso respira fundo, abre os braços e deixa o resto do encontro acontecer, quando é uma coisa de touro com escorpião se encontrar só nas conversas não basta.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

O ato de desamar

O ato de desamar, talvez seja um dos mais brutais que o ser humano pode tentar realizar. A complicação de desfazer um nó que parece que nunca vai ser desfeito é muito difícil. você se entrega, entra em choque com sua própria cabeça em vários momentos, doa sua vida a alguém que lhe chegou do nada e ocupou espaço no sua cabeça... Como se já fosse donx a muito tempo.

Mas o nó se desfaz, é duro, sofrido, não vai ser fácil, se a missão é desamar, será difícil. Não adianta tentar não pirar, um dos caminhos para desamar é pirar... Será uma constante, palavras, textos, músicas, tudo irá te lembrar... Um porre, verdadeiro martírio. Mas vai ficando cada vez menor, cada vez com menos significado e de repente... Desamor.

Fim de papo, o que resta é história, passado e cicatriz, pra aprender, não repetir, é um ato de grosso calibre. Desame prisão e ame livre, por favor, não repita as burrices, tá? Mesmo se tratando de amor, que é encarado como uma burrice constante... Não encaro dessa forma, vejo mais o suposto amor, aquele da tevê e tal como uma grande burrice... Quanto ao amor, não sei, é muito complicado. Sei falar de desamar, de amar sei falar não... Foi mal.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Existindo para não existir

Acredite, é complicado pensar nas coisas que fazem você não querer existir, é duro sentir-ser arruinado, com vontade de desistir de tudo, a vontade de desaparecer todo mundo já teve ou terá ou está tendo agora, há quem passe por ela normalmente, há quem simplesmente passe a existir para não existir, deixar de fazer diferença.

Vivendo o ócio - Nostalgia... Aumento o volume

♪"Eu só queria tomar um vento na cara..."♫

As sensações experimentadas quando você "Não existe" São, no mínimo, engraçadas. Começa a fazer falta para quem antes nem lembrava de você, tem tempo para suas coisas e o mundo parece ser mais aberto... O problema, ou não, é quando você "Volta a existir" Sabe? Você volta diferente, não adianta, a vida agora passa por uma nova ótica mas na verdade foi só você que mudou, paralaxe, saca?

Uma dose, blue label, cowboy, por favor...

O gosto forte das pessoas intragáveis descem arranhando a goela e você agora as vomita, simplesmente jorra pra fora e aquele maldito nó se desfaz na sua garganta... Volta para o que vale a pena, volta para aquele beijo, aquele abraço, aquele toque, os risos e até as birras, tudo volta diferente, lembre-se! Você fez falta.

Ascende mais um... Sinta o sabor, cada segundo...

A impressão digital de toda aquela dor ainda está aí, não adianta, foi algo muito grande, você teve vontade de sumir, existiu pra não existir, mas e agora, como você voltou? você voltou? A cada caminho que você tenta não pensar em como caminhar ele simplesmente se desenha pra você, como se fosse você mesmo arquiteto e engenheiro desta obra toda, chamada sua vida, afinal você é.

♪"Tenho que dar um tempo, tudo tem seu tempo, não existe argumento..."♫

E como bendito ser refeito, você vai lembrar das cicatrizes mas elas não devem doer mais, vai rir de algumas delas até (Why so serious?) E vai fazer bem, vai fazer bem a tanta gente, já estará avisado do que pode te fazer mal, é para isso que as cicatrizes servem, elas mostram o que deu errado e no que o erro pode dar, de novo...

As vezes é muito bom errar, as vezes...

E marcando passo no laço do tempo-espaço ao seu redor, passe pelas saudades, passe pela tristeza, passe pelo abraço, passe pelo cansaço, exista pra não existir e depois não exista para desistir...

Está chovendo, moço? Não, a lua está chorando. Seca as lágrimas dela, moço! Hoje não, hoje é dia de maré cheia...

Mantendo a calma, todo o tempo será aproveitado e ao olhar pra trás, a sensação de ter passado por você mesmo será incrível, passar por si mesmo, sabe? Quase como uma serpente que troca de pele e olha para o velho couro no chão e se vê nova e só espera até a próxima troca de pele e assim segue até o fim de sua vida, troque as peles da sua alma, seja puro, bruto, suave, sutil, adulto e infantil... Entenda que para ser humano o ser humano precisa está em constante estado sentimental febril.

Última ponta, acabou o Whisky... 


terça-feira, 8 de outubro de 2013

Saudades

Saudade é uma sentimento no mínimo engraçado, pra não falar estranho. Bate de diferentes formas e traz junto com ela diferentes sentimentos. Não tem sensação mais estranha do que lembrar de alguém com saudades, nem sempre isso acontece mas quando acontece parece uma grande armadilha da sua cabeça, certas vezes, em outros momentos é como a melhor festa surpresa da sua vida. Andei pensando e cheguei a conclusão de que a saudade do tempo é uma saudade boa, você lembra do tempo, da época, das sensações daqueles instantes. Ruim é a saudade das pessoas que te fizeram mal... Quanto maior foi significado da pessoa pra você, pior a saudade...

É foda!!!

As vezes a saudade é como se fosse o mar, sabe? Tem maré cheia e maré vazia, independente de como estiver a maré da saudade, não se afogue, por favor, não se afogue!! Procure sempre por onde tomar um ar, tirar esse maldito sufoco, esse nó que te prende a garganta, se for aquela saudade boa, só feche os olhos e volte para aquele tempo, aquela época em que era tudo tão bom, é quase como voltar, viver tudo de novo, quase...

Eu não deveria sentir nenhuma das duas...

Uma coisa muito complicada em sentir saudades ou em sentir qualquer outra coisa é que, como sempre, é algo que parte de você, sempre de você, a diferença é que a saudade num importa se é reciproca ou não, ela tem que vir do jeito certo, porque do jeito errado é uma das piores coisas que alguém pode sentir, talvez só não seja pior do que o sentimento de ingratidão mas isso foi papo em outro momento, lembra?

Eu só deveria não ter tanto a dizer...

E como qualquer outro sentimento que luta contra o seu bem-estar, a saudade vai ser obliterada pelo seu amor próprio, se ame o bastante pra isso, por favor nunca coloque ninguém acima do seu amor próprio, não entregue o seu sorriso a um estranho, ele pode ir embora com seu sorriso e nunca mais voltar e tenha certeza que pra muita gente é o seu sorriso que vale a pena.

Não deixe os ladrões de alegria te roubarem...

E por fim, esperamos que só fique a saudade do tempo, aquela boa, gostosa de lembrar das coisas boas, esperamos também que pra essa saudade ficar não seja necessário nenhum sumiço ou afastamento abrupto, no máximo uma leve mudança de atitude para não cometer saudadecídio, no máximo a sensação de tudo ter feito e aquela saudade boa te guardando no peito.

Eu deveria não sentir saudade mas é só disso que tenho vontade... 


quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Círculos

Eu dei volta, dei volta, e voltei de novo, não adiantou nada, é sempre a mesma coisa, uma palavra aqui, outra ali, algumas ideias conexas, outras nem tanto, não importa. É tudo muito diferente e estranho, sufocar certas coisas as vezes é uma grande burrice, algumas coisas vivem sem oxigênio, se alimentam basicamente de tudo que envolve as voltas que você dá.

Meu pensamento vai rodando em círculos, passando por estranhas sensações, estranhos lugares que já passei tantas vezes mas sempre os acho estranhos... Algumas vezes a uma tentativa de fuga, uma tentativa de planejar que esses círculos parem, erro fatal, ao fugir de um círculo você acaba sempre rodando em volta de outro novo...

*Lágrimas*

Me faça uma promessa! Não me prometa nada, não me seja nada, me faça tudo, não me seja o mundo, eu queria tanta coisa te dizer, queria que você entrasse aqui por um tempo, por algum motivo hoje você não enxerga mais as coisas por trás das caras que faço, se acostumou a saber que não minto, acabou entendo o que não sinto...

O medo é uma parada doida, ele sempre vem em inúmeras situações, algumas pessoas o encaram como um aviso natural do corpo, uma espécie de extinto que lhe diz o que não fazer. Mas o medo ele é algo muito maior talvez, as vezes ele mesmo é o perigo e não há aviso pra dizer que ele é perigoso, ele é o próprio aviso.

Se todos os problemas se concentrassem apenas no que as pessoas acreditam no que são os problemas... Seria tudo tão mais fácil, tão mais fácil. Mas não é, né? A cada dificuldade você volta melhor, não se iluda, algumas coisas vão te derrubar mas você precisa levantar e não tenha vergonha de cair, quem não cai é porque já está no chão a muito tempo.

Só procure o que te faz querer levantar, sempre existe motivo ou motivos, depende de onde você vai buscar, é preciso, as vezes, botar toda a carga pra fora, para que você mesmo aguente o peso que lhe foi dado e não morra antes mesmo de viver, depois as coisas vão passar, tudo vai virar história pra contar e no fim eu só espero que nós dois estejamos numa mesa, conversando e rindo disso tudo, entre um beijo e outro, uma lembrança e outra, aquela risada que estou com tanta saudade de ouvir, a minha e a sua juntas.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

E serve pra que?

Talvez eu tenha vindo ao mundo só para isso, tirar pessoas de situações ruins por alguns momentos. Até que elas consigam se sustentar em suas próprias pernas... Hoje não tem disfarce não, é tudo muito louco, muito louco mesmo, mas bateu aquele cansaço, sabe? Pois é, aquela coisa que você já nem tem mais força de lutar contra, vai só deixando, deixando, vai vendo da colé.

Quando você se pega facilmente dolorido da cabeça aos pés, sem estar corporalmente cansado, é porque algo deu errado aí dentro, algo deu muito errado, não sou de fugir das coisas que sinto, nunca fui... Mas hoje eu quero, quero fugir muito, eu não vou disfarçar com palavras todas cheias de significados, hoje é só botar pra fora mesmo...

É tristeza? Sei lá, se for é bom, ajuda a escrever melhor, escorre pelos olhos até dar dor de cabeça e sono. Mas depois não serve pra nada, se tristeza não serve pra nada... Meu nome hoje é tristeza. Tem coisas que não adianta, você não quer matar, mesmo que te mate, você não quer matar.

Conversando com uma velha amiga percebi isso, quando ela me falou isso tudo eu fiquei me perguntando: Caralho, para que eu sirvo? Ver a minha amiga tão triste por não saber pra que ela servia... Mas qual o sentindo de servir??

Se tornar escravo de uma condição? Se tornar objeto mendigando por migalhas de um outro alguém? Migalhas de si mesmo? Se servir for isso, eu não quero servir pra nada, não quero função. Não quero nem que ninguém tente identificá-la. E se for boa? Ela me perguntou. Não quero, eu prefiro não servir pra nada do que me ver preso a uma condição que me faz subjugado a ela o tempo todo. 

Sem mais nem menos, eu me peguei pensando nessa conversa que já faz mais de 3 dias, e refleti sobre tudo isso, fiquei pensando, teria eu me colocado em uma condição dessa alguma vez na minha vida? Se sim, espero sair, eu não quero mais todas essas coisas, aliás eu não quero mais nada, eu não quero mais servir eu só quero ser sem função, só em paz e em frente.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Quando...

Hoje não dá, ta tudo meio fora do clima, tudo não... É que tem muita coisa, muita coisa que estranhamente estou sentindo vontade de contar a um estranho que sentou aqui. Tantas coisas que batem de forma igual com duas pessoas que nunca se viram antes na vida. Como assim?

Estranhamente a estranha mente desse estranho escorre coisas pela boca que me agradam, me levam até as lágrimas. E quando será? Não se sabe, ela só sabe que não vai ser hoje, a anestesia ainda está fazendo efeito, passei por todos os caminhos que você está passando agora, eles são complicados, eu sei, mas, não deixe eles tirarem de você o que arrancaram de mim.

Mais lágrimas...

Sei lá quando vai ser de novo, a vida é ocupada e há muita coisa a se fazer mas eu percebo que certas conversas não morrem em um dia, certas pessoas voltam a lugares, que não vão a muito tempo, para de alguma forma estranha se encontrarem e quando isso acontece os dois sabem, onde vai dar? Ninguém sabe, o que importa mesmo é que no fim das contas o sorriso tome o lugar das lágrimas.

No final das contas, tem aquele abraço, e aquele cheiro... Um sorriso bonito sendo encoberto por trás de um aparelho. Tanta coisa em comum e dez minutos para tentar cobrir tanta vontade de continuar falando, eu sabia que aquela conversa não ia terminar ali, ela sequer vai terminar, o importante é só entender que certas coisas conversando não da pra saber, hoje não, mas, quando vai ser?

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Aqui jaz

Em cada palavra que vai sair pela cabeça, escorrer pelos ombros, passar pelas mãos, dedos e parar aqui, vai morrer uma desilusão, a cada palavra disparada pelo gatilho do impulso repulsivo de botar todas as mazelas pra fora, vai morrer um sentimento, seja bom ou ruim e vai nascer outro maior no lugar. A cada tristeza duas alegrias, chega, uma hora você diz chega, pra tudo e todos, você cansa de correr, as pernas doem. Passa cada dia a calcular tudo que vai fazer não faz bem mas também deixar ser simplesmente levado pelas circunstâncias não faz bem, você precisa tomar o controle, as vezes.

Em alguns momentos você precisa ser desnecessário, você precisa gritar, xingar, agredir, ter sangue nos olhos mesmo. Outros momentos você tem que ser leve, quase uma pena ao vento, você precisa sentir, sinta! Sofra, tudo isso te faz humano, sinta-se humano, sinta-se, as vezes, desumano. Perca a dignidade, passe dos limites mas volte, foda, beba, pire, se quiser, se não for parte das suas práticas tudo isso, eu sei que você acha um jeito de botar toda essa merda pra fora.

Antes de perder o juízo, pense em perder o juízo, só não pense antes de amar, uma, duas, três, quatro... Quantx quiser, mas não pense. E se passar, deixe passar, por favor, deixe passar! Sofrer de amor é um porre e esqueça esse papo careta de que um amor cura o outro, você se cura, alguém te ajuda mas no fim foi você quem fez. Pare de pedir, pare mendigar, por favor, olhe pra você, vá até o espelho agora... Se olhe, passe a mão no seu próprio rosto, jogue água no espelho e deixa-a escorrer lentamente, observe sua imagem distorcida, é assim que as pessoas te vêem, principalmente as que chegaram agora, não peça então que elas deem pra você o que você deu a elas, imagens distorcidas são difíceis de entender, você está vendo isso agora em seu próprio rosto. 

Passe em cada esquina da sua vida novamente, encontre um lugar onde você gosta de estar, fique lá por um tempo! Depois vá ao pior lugar das suas memórias, eu disse o pior, abra os olhos, traga isso com você, se olhe no espelho... Entenda isso, esses dois opostos que você sentiu, não os perca, eles te fazem você e vão te ajudar pra sempre, compare dores, não compare amores.

Eu que já "amorri" Escrevo para você que ainda "amorvive". Não se perca nas coisas loucas que virão, lembre das duas sensações, encontre a pior e a melhor e lembre-se de entendê-las sempre que não se entender, busque aquele sorriso que te faz bem, aquele abraço gostoso, aquele beijo legal, seja ele na boca, na testa ou seja ele um bom sexo oral, não importa, se faz bem junte tudo.

Pois é aqui jaz uma desilusão que desiludiu coração errado e não achou onde comer, morreu de fome porque o bicho era mais forte do que podia sugar, vou desiludir outro onde possa me alimentar e enquanto o tempo deixar, você vai ver, nem adianta correr, eu to aí no mundo faz tempo, muito antes de você, mas agora sem mais, sou tristeza morta, como você sabe, isso qui é homenagem póstuma.

domingo, 22 de setembro de 2013

E já não há mais porque

Não é cansaço, não é loucura, não sou eu. É só você, sim eu me importo, me importo demais. Me preocupo com tudo que te cerca, tudo que é de você, quando o assunto tem a ver com você, eu sempre tenho tempo pra ouvir e falar. Muitas vezes odeio opinar, me sinto um invasor e completo chato.

É saudades, das brabas, daquelas bem complicadas de lidar, tem dias que é tristeza, tem dias que são só as lembranças gostosas, eu escolhi pra passar o tempo o ato de te regar, flor. Sem te negar amor, sem pedir volta, por favor.

Eu não sei até o onde o tempo vai, ele não tem linha de chegada a não a ser a morte mas essa espero que esteja bem longe. Eu sei do cuidado, do olhar com ternura e pensar com "Quentura" na cabeça. EU espero que o peito obedeça o que a cabeça já entendeu desde sempre, eu me vejo nos dias passados e me vejo no dia de hoje, nada mudou.

É medo também, eu não tenho então não perco mas a sensação de não estar presente naquele fluxo que existe quando se trata de nós dois... Me da medo, eu confesso. Confesso que durante um tempo travei batalhas épicas, noite após noite só pra conseguir dormir sem me achar um completo louco e não agir de forma contrária a tudo que eu penso e falo, isso me mataria de fato.

Eu nunca vou deixar de tentar colocar minhas asas pra te proteger, mesmo quando eu souber que suas asas já estão fortes o bastante, certas coisas a gente não escolhe se vai rolar ou não, simplesmente rola, a gente só escolhe como vai lidar com tudo isso, sim é muita coisa, tem gente que foge, tem gente que some, eu cuido, cuido de mim, cuido de ti, passo o dia bem se sei que está tudo bem e perco o sono só de saber que você por algum acaso perdeu o sorriso.

Eu não sei, a liberdade me deixa feliz, quando se trata de alguém que quero tão bem então, nossa me da esquizofrenia de felicidade, enquanto estiver tudo bem por aí, vai estar tudo bem por aqui e no dia que estiver tudo mal, minhas asas sempre estarão abertas enquanto você acreditar que a minha saliva sagrada ainda pode te tratar.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Ingratidão

E tudo que se faz, vale a pena? Talvez, não sei, eu só consigo pensar nos ingratos por enquanto. Os ingratos são seres difíceis de lidar, eles não são pessoas ruins, não são pessoas que fazem o que fazem porque querem, mas mesmo assim fazem. Todo mundo que convive com pessoas está propício a ingratidão, tá?

São seres humanos, eles tem lá seu lado bom, o problema é que o lado ruim é ser ingrato, sugam tudo de você, te fazem dar o seu melhor e depois que estão fartos, do seu sumo, da sua energia de tudo que você deu, simplesmente vão.

Aprenda a conviver com isso, ao menos que você se isole numa caverna e exercite a sua misantropia, eu não aconselho. É engraçado quando você resolve parar para não pensar nas coisas, um exercício gostoso de ser tornar vazio, só não permaneça assim pra sempre, pensar também é bom, evita muita coisa.

Evita ingratidão, por exemplo, você aprende a entender quem está ao seu redor e facilmente identifica um ingrato, fuja!! Fuja deles, você pode ser resistente a qualquer coisa, qualquer sofrimento mas ninguém resiste a ingratidão.

Depois de tanto tempo, o sentimento que te faz ir pra frente te faz parar e é algo tão brutal que transborda pelos fluidos que escorrem dos olhos e queimam a pele como ácido, é ruim ser poeta ou qualquer outra coisa nessa hora, tudo sai, tudo escorre, tudo transborda pelas letras. 

Tristeza inspira, faz você ir a lugares da sua mente que provavelmente você só irá acessar triste, mas lembre-se assim como é saudável acreditar que ninguém te faz feliz, também acredite que ninguém te faz triste, só você se faz os dois. 

Seja dono da sua cabeça e da sua emoção, só não seja dono de ingratidão, quando estiver mal, esteja mal, mas quando estiver tudo bem, por favor que esteja tudo bem. Aos ingratos de-lhes a sua gratidão, eles não vão saber o que fazer com o inverso do costume e o inverso do costume sempre pode ser bem vindo.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Sei lá

É só viagem torta que já num cabe mais no papel nem em nada, nem sono, nem fome nem nada.
É tudo coisa da cabeça que faz doer o resto do corpo, é só os "zóio" baixo, olhando pro chão, esperando a queda que não vem, porque a mesma cabeça que derruba num deixa você cair.

É só saudade de todo mundo e vontade de ninguém, tudo ao mesmo tempo, assim feito vento que entra pela sala e te derruba no sofá sem menos nem mais, sem você querer e mesmo assim ele faz...
É coisa pra sentir, palavra demais pra dizer, coisa demais pra querer parar* vontade de num parar de sentir o que na verdade eu num devo sentir de parar. 

É o tempo, me arrastando pra dentro depois me jogando pra fora feito brinquedo velho que ele cansou de brincar.
É só gente que eu quero abraçar que eu quero beijar que eu quero pousar e depois junto voar...

É só medo de perder, medo de me achar, de não saber onde me encaixar, é só medo de perder o que não quero ganhar.

É só...
É só...
sei lá.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

A lua em meus braços

E eu que tanto escalei uma parede feita de estrelas, finalmente cheguei até a lua, eu a tive em meus braços e naqueles instantes eu me sentir sendo eu o próprio sol. Sim o sol, que ilumina a lua nos céus noturnos a guiar amantes e viajantes, a lua linda que tem sua órbita ao redor da terra mas tem pra si todo o brilho do sol. Seu corpo, seu sorriso, seus olhares, gargalhadas, mordidas, arranhões e sons. 

Cada som seu era como uma verdadeira sinfonia para mim, cada segundo passando perfeitamente, enquanto construíamos um novo tempo espaço entre as paredes do meu quarto. Eu não via mais nada, não enxergava mais nada, não sabia mais de mim, só de você. Você que estava tão linda, tão solta, tão... 

Olha pra mim! Era ordem, e eu olhava, e como olhava, gravava cada detalhe daquela cena perfeita, cada gota de suor daquele corpo no meu, cada centímetro seu que estava nos meus braços. Fez de mim um templo de todo o teu prazer, se faz toda entregue, tão entregues, os dois. 

Era uma tempestade brutal de todo desejo, carne, alma, mente e coração que se despejava através de dois corpos naquele pequeno espaço, que se fazia um novo espaço, era a lua linda, em meus braços, como se fosse o ultimo dia das nossas vidas. 

Como não pensar em todo carinho, toda trilha, todo abraço, beijinhos e cafunés? Como não pensar em todas aquelas explosões com um simples encostar de nossas testas? Eu estive com a lua em meus braços, só entenderá isso quem um dia se sentir como sol tal qual fui naquele dia. Eu estive com a lua deitada ao meu lado e nunca me sentir tão bem, eu quero esse bem e se esse bem me quiser amém.

Todos os defeitos de perto

Menino fraco, besta, sonhador. Achava trilha sonora em tudo, vivia filmes a todo momento, passava os passos da vida a correr atrás do que todo mundo fugia, passava o tempo a matar o tempo pra o tempo não matar ele de morte morrida nem morte matada.

Se via nos outros, não via os outros nele, passava mal a cada compasso fora do passo da mente que o coração dava. Passava mal de todas as coisas adultas que sabia lidar tão bem apesar de saber que sabia lidar tão mal.

Era corredor do mundo, conhecia das sensações mais diversas, passava por toda gente e toda gente passava por ele, pouco se prendia, evitava se prender, apesar de quando acontecia, oh moça... Era coisa mais linda de se ver.

As vezes falava umas coisas, parecia até aqueles moços da "Tv" Todo cheio de defeitos isso sim, correndo sempre atrás da descoberta de um novo, todos os defeitos dele, vistos de perto, tornavam ele tão único, como um disco voador ou sei lá.

Não pousava em lugar nenhum, era uma figura da estrada, passava os dias a pensar num novo de jeito de se fazer não entender. Tinha uma mania chata de explicar, tinha que deixar tudo certinho, a dúvida era sempre boa, ele sempre ficava feliz.

De perto moça, era tanto defeito que ele ficava besta quando alguém via qualidade, nem sabia como falar, como dizer, logo ele que era cheio das palavras. Era livre, era solto e ensinava como fazer, apesar de as vezes ele ter vontade de parar pra valer, ele nunca deu a sorte ou a sorte que num se dar com ele, num sei dizer...

Sei que anda sorrindo e triste ao mesmo tempo, mais inconstante do que o vento, há quem diga que o mesmo de antes, eu acho difícil, soube que andou de mudanças, a ultima vez que eu vi, foi bem de perto, e de perto todos os defeitos dele continuam me fazendo entender o que a vida é capaz de fazer.

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Caneta e papel pincel e tela

Menino doido, subversivo, que bagunça o dia das pessoas só por causa dela. Acaba, por causa do impulso insano de seus beijos, não pensando em ninguém, não ligando pra ninguém. Menino doido, que deixa ela sem graça ao dar de cara com coisas que não está habituada, mas estranhamente a loucura dele ela quer.

Menina linda, que deixa cego o menino doido de tanto que ele só consegue olhar pra ela. Menina linda que quando encosta a testa na dele faz ele perder a noção do tempo, a noção de si mesmo.
Menina linda, tens a calma na voz e perde o ar quando sente as mãos dele na tua pele quente, te desejando de forma ardente.

Ele não sabe dizer não pra ela, é algo quase doido, mas ela não merece que ele diga não, ela na verdade merece todo sorriso do mundo. Ele tem tanto cuidado, tanto carinho, presta atenção em cada gesto, cada palavra, cada cor que ela coloca no dia dele, toda vez que eles se vêem...

Ai ai, passaria horas falando dela, sem parar, como um louco que ela insiste em dizer que sou, de fato sou mas essa loucura faz todo sentido pra ela, quando diz que gosta dos meus gestos, das minhas explicações, das minhas palavras postas no papel.

Ela é pra ele como a caneta é para o papel e ele é pra ela como a tela é pra o pincel.

domingo, 25 de agosto de 2013

Um grande pote cheio de vazio

Era um grande pote cheio de vazio, o que eu abria todos os dias e colocava em cima da mesa dos meus sentimentos, era um pote vazio cheio dos meus pensamentos tortos... Pensava nos cheiros, nas cores, pensava no controle que preciso tomar. 

Preciso todos os dias lembrar a mim mesmo que sair do controle é uma merda e me manter dentro de mim, preciso fugir, sim eu preciso fugir, todos os dias, pra lugares diferentes, terras fantasiosas, futuros programados, passados que nunca vivi.

Como se não bastasse tudo isso, ainda tenho o estranho talento de fazer bem a todo mundo e esquecer de mim... Mania estranha essa, se ver bem na felicidade dos outros. Totalmente externo, um verdadeiro pote cheio de vazio.

Oh baby, você ficaria surpresa se conseguisse chegar a beira do meu abismo, talvez você pulasse, talvez... Eu que sou um grande talvez, dessa vez me vejo na necessidade de traçar certezas, os talvezes estão causando muitos desarranjos e estou me cansando disso, eu não quero encher o meu pote cheio de vazio, eu quero esvaziar potes cheios, mas encontro sempre quem se recusa a esvaziar-se, e aí tudo isso cansa, querida, tudo cansa.

Eu tomei meu tempo, risquei uma linha certa para escrever minhas palavras tortas. Me vi esmagado, destruído, no chão... Me vi pleno, bonito, quase um Dionísio de tanto frenesi que era capaz de causar, hoje só quero me ver nada, aliás, não quero nem me ver.

Não quero saber mas de toda essa história de um disfarce por dia, chega! Passo tempo demais olhando tudo ao meu redor na intenção de que nada me escape, na intenção de que nada te faça mal... Chega, você agora vai andar por suas próprias pernas e não vai mais voar nas minhas asas, elas estão fechadas e não vão se abrir mais, querida, não preciso mais voar pra ser livre, eu sou livre com os pés bem aqui no chão e nada vai tirar isso de mim.

Eu demorei para ser senhor de mim mesmo e não vou perder tudo isso agora, sentimentos mesquinhos não se acumulam no meio vazio, não me enchem e quando você tentar me decifrar, por favor lembre-se: Eu sou um grande pote cheio de vazio.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Hoje não, tá?

Não, hoje não, por favor me deixa quieto, estou pedindo da forma mais calma que consigo agora, não quero agonia, não quero nenhum barulho, minha cabeça já anda muito cheia dele esses últimos tempos. Eu não sei o que é, sinceramente não sei, talvez um pouco de externalidade de mais, excesso de exogenia, eu preciso de um pouco de endogenia, preciso de um pouco de mim pra mim mesmo, só um pouco.

Eu não tenho jeito, eu sei, mas não enche, não hoje, hoje não, tá? Não estou querendo ser rude nem nada disso mas estou querendo ficar um tantinho fora do ar... Eu estou exausto de tudo, eu estou exausto da exaustão. Não é normal eu estar assim, eu sei, eu sei... Mas não é normal eu ser normal por muito tempo, não se acostume a nada que me envolva eu odeio lugares de conforto estabelecidos em condições que me envolvem. 

Tenha verdadeira paixão pelo movimento, como poderia me alegrar com uma vida estática? Cheio do vazio eu quero ficar só um pouquinho em silêncio, só um pouquinho conversando comigo mesmo... Sem lamentos, sem nada de novo nem de velho... Sei lá, as vezes seria melhor se as palavras saíssem soltas pelo espaços, as vezes seria melhor só ficar olhando as coisas passando...

Então, se você quiser entrar, tomar um lugar, me encostar no seu colo e me fazer um carinho, tudo bem, eu vou amar, mas sem barulho, tá? Sem perguntas, sem querer saber do porque, hoje eu não to pra ninguém, hoje eu só tem pra uns "alguens".

Sei que nem parece eu, mas sou eu sim, portanto, hoje não, tá?
Só hoje deixa eu me apoiar um pouco na chatice que eu tenho dentro de mim e raramente sai, to afim de ser chato, to afim de ser assim um pouco, as vezes sinto falta, ser aquele que segura tudo as vezes te deixa louco, então, hoje não, hoje não, tá?

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Ela e a parede

Em meio as luzes, na falta de luz, na madrugada escura, de tanta alegria que nos cerca, ela é só dela, dança com a parede, faz estripulias com o próprio reflexo, seduz a pilastra parada e ao mesmo tempo todos que estão ao seu redor.

Mas existe algo diferente na parede, é mais interessante do que o próprio reflexo, é melhor do que a pilastra, a caixa de som, tantos se mexendo tanto para chamar sua atenção mas o caso dela é com a parede. 

Não perde o momento de nada, se perde em tudo que tem, não nega um carinho a quem vem, queria todo mundo ser parede também, o sol já vem nascendo, tudo vai voltar ao normal, a parede vai ficar, ela vai embora, ela não se cansa, pode ser efeito da manhã recente mas parece que vejo a parede triste pelo fim da dança.

A casca de mulher guarda uma alma de criança, levada, esperta, menina moleca, tão quente quanto o sol é uma morena de causar até cede mas não se iluda, ah não se iluda, o caso dela, você que está lendo, o caso dela é com a parede.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Só de passagem.

Me perder no emaranhado perigoso dos seus cachos cor de quase fogo é uma vontade diária, reprimida, solitária, quase que uma tortura. Não é como se eu desejasse que isso acabasse, estranhamente eu gosto, estranhamente me sinto bem em fingir minha felicidade tirada do bolso todos os dias.

Eu estou cansado... Todos os dias, estou cansado, vejo força somente em você quando chego em casa, procurar idealizar os movimentos perfeitos do seu corpo na esperança de aperfeiçoar toda essa minha imperfeição.

Sim, eu sei que sou o que você nem pensa em deixar se afogar, você insiste em querer saber nadar no meu mar mesmo com as ondas sendo dez vezes maiores do que você, por que menina? Por que?

Nesses longos cabelos quase pretos, quase claros, quase lisos, quase cacheados, eu quero te puxar pra cima, te deixar maior, me tornar melhor. Mais fora da realidade do que já vivo todos os dias, para não te desejar, você sabe que eu não faço esforço pra mudar, mas também não faço força pra sair, não de você, me pergunto todo dia se é esse meu jeito que te afasta ou é só todo o resto de mim mesmo?

Essa pele morena, quente, dotada do dom de me hipnotizar, tenho sensações que nunca experimentei só te olhar, é como se fosse uma espécie de droga muito pesada, quero sentir isso todos os dias, meu corpo pede, não é a minha cabeça, coração nem pensar, é o meu corpo mesmo que pede você.

Vocês que são uma e você uma que é tantas, me confundem, me alegra, me perdem, me vence, me convence. Uma vontade de mãe, uma inocência de virgem, uma loucura correta e coerente de quem sabe o que não faz comigo, de quem me tem como um amigo, de quem me faz de abrigo. 

Sou como ponte, fui feito para a passagem, nunca para a permanência, mas assim como as pontes, ironicamente, quando todos passam eu fico lá, estático, parado, com a chuva a me molhar, com a luz a reluzir, assim como ponte, eu espero quem vai ser que vai me dar movimento e me implodir.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Era só eu no escuro

E quando eu estiver sozinho, no escuro, você segura a minha mão?
Me faz um carinho quando eu deitar no seu colo sem pedir e me deixa ser um pequeno ser parado, apenas pensativo, apenas calado, simplesmente admirando toda complexidade de todas as coisas que eu insisto em não entender? Deixa? 

Deixa eu pensar em cada loucura que sei que a vida toda vou só pensar? Queria realmente não pensar em nada, muitas vezes me pego afogado em verdadeiros sonhos, estando de olhos abertos. As vezes é tudo muito, muito rápido, pessoas que vem, gente que vai...
Sem mais nem menos é dia, é noite e já é dia de novo, eu nem vi passar...

É estranho se sentir preso dentro de si, sem direito a advogado nem defesa alguma, como você se defende de você mesmo? É complicado e estranhamente eu admiro coisas complicadas com muita facilidade, talvez por isso me cerque delas. A cada quebra-cabeça que eu monto é só mais um castelo pra ser derrubado e posto de pé novamente. Assim admiro a beleza do movimento, de todos os movimentos, do seu quadril que balança pra lá e pra cá, da suas pernas abrindo e depois fechando ao redor da minha cintura, do seu sorriso que se abre me olhando como quem não quer nada mas quer tudo...

A cada suspiro mil lamentos e alegrias saindo ao mesmo tempo, como num jogo onde de um lado os campeões comemoram e do outro o lamento dos derrotados segue ao mesmo tempo. É esse arrepio frio que as incertezas dos movimento me dão que me faz admirá-los mais e mais, complexos, me fazendo ferver como um louco é assim que me sinto vivo. 

Não estranhe minha falta de coerência e conexão, eu não quero ser coerente, não quero ser conectado, afinal, não é narcisismo mas como já disse: "Admiro a complexidade pra tentar simplificá-la" E não conseguir me excita, portanto ser simples e complexo me faz bem, bem demais, entenda esse meu poder de te causar calafrios mas é que meu amor, admiro tanto a liberdade do ser que tem capacidade de amar que não me importo que os amores do mundo respiguem em mim... Eu gosto de pensar que você não sabe que se caso existisse um pote feito de mim se nele teria um rótulo escrito cheio ou vazio. 

sábado, 10 de agosto de 2013

Cega essa boca cala esses olhos

Você abre essa sua boca de enganar gente e engana-me facilmente
me olha com esses olhos de arrancar almas de dentro de seus corpos. Me faz pensar até quem sou eu, até onde suporto sua ausência, eu não sei, quando vejo você andando na minha direção, fazendo o tempo passar mais devagar com o seu andar, esse perfeito balé da natureza, como pode em tão pouco tamanho caber tanta beleza?

Aquele seu sorriso cheio de graça das besteiras que eu falo, faz de tudo que nos ronda um espetáculo, a magia do acontecer é sempre intensa, imensa, quando se trata de você ficar fácil querer. Quando se trata de mim, é um amor por esquina, uma esquina por desilusão. 

Esse olhar que me come e ao mesmo tempo me reconstrói, essa boca que me olha e me deixa cego, me faz querer transformar a rua no palco de toda carne, suor, beijos, abraços e arrepios. Faz os elementos da natureza caberem numa tela, faz todos eles dançarem ao seu redor, mostra pra eles as danças que esconde de mim e me deixa com vontade de você.

Usa essa boca e esses olhos para acabar comigo todos os dias, só de pensar já faz aparecer ao seu lado o que quer, para! Não, não para não, eu quero mais, me devora com esse olhar faminto pelos meus beijos, me me olha com essa boca de falar o que meu ouvido precisa ouvir e ao fim, por favor, cega essa boca e cala esses olhos.   

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Era só mais um vício

Já mergulhado no vício de amar, ele se achava só mais um na multidão, era difícil pensar em como parar, na verdade seu grande defeito era achar que tinha o controle de todas as situações em que se metia e não perceber que na verdade era controlado por todas elas. Era estranho, complicado pensar em como não ser só mais um em meio a todos, nunca iria pensar na capacidade de ser dono de si, mas um dia ele pensou.

Parou de ficar a mercê do seu próprio mundo fechado, abriu-se para o mundo "Real" Era bom fazer parte daquele mundo, tomar um choque por dia, entender que as vezes é só mais um. Mas ele ainda tinha aquele maldito vício e no mundo real era tudo tão pior, tão mais forte, mais cruel, mais brutal.

Depois de milhões de mágoas, ele se viu magoando, duro, frio, tratando um dia de cada vez, vivendo pra dentro, mostrando o que queria pra fora. O "Mundo real" o moldou, o tornou mais um produto, agora ele fazia parte do grande exército igual, agia igual, pensava igual, amava igual. 

O vício passou, ele já nem lembra o que é ter seu interior sentimental em estado de loucura, depois de tanto lutar para se livrar do vício de amar a cada dia ele só conseguia querer o seu velho vício de volta. A nova lição que ele precisava aprender é que quando você aprende a não querer mais uma coisa como essa você não consegue desejar de novo.

Viveu até o ultimo dia da sua vida lembrando que cada dia que seu vício lhe fazia mal, era melhor do que toda essa frieza que te faz bem.

domingo, 4 de agosto de 2013

Não precisei estar aí

Olhe aí
eu senti o peso
na sua voz sem falar

Eu senti daqui

Eu senti
seu olhar baixar
sem estar aí

Eu senti
daqui

Eu senti a sua vontade
de gritar
e gritei por ti

Senti vontade de te abraçar
e te abracei daqui.

sábado, 3 de agosto de 2013

A arte da arte da arte de fazer parte

Com a loucura de Van Gogh vou colorir o mundo
com a genialidade de Da Vinci me deslumbro
com o tom de Monet
eu vejo você.

Como quem pensa que tem a mente de Einstein

eu te desmembro meu bem.
faço ascender como um Thomas Edson
do traço de Picasso te mostro meu tom.

Com a maestria de um Mozart

contemplo-te moça
como se isso fosse coisa boa
melhor que um verso do Pessoa.

Dramática como uma Carmem de Bizet 

é tão fácil de envolver
faz de mim o que quer e o que pode
ninguem explica Jung ou Freud

Me vejo menino mesmo quando passa o ano

você me prende como uma canção do Caetano
me diverte mais do que domingo no parque
você me tem como uma canção do Buarque

Queria te ver pela tela, pela janela

corre pro sol e me espera
usa em mim seu dom de atriz
faz me sentir como num conto do Assis

Complexa como um personagem do Dostoiévski

quebra as barreiras como na escola Brecht
ouvindo uma canção do Doryval, mexe, mexe as cadeiras mexe
como uma obra do Alighieri tudo é motivo quando acontece

Mas não me venha com Eça de Queiroz
escolhi o papel e não a voz
para exaltar esse sentimento atroz
que me destrói o peito como um animal feroz.

Me destrói o peito sem dó
Te vejo como um quadro de Miró
Com a voz de uma ópera falo
E com as dores de Frida, calo.