sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Erga-se

"Miséria, fome, tragédia
 A tv quer te iludir, comédia
 Não VEJA, leia o capítulo quatro, deste capítulo o versículo três.
 O povo, passando pelo pior desde sempre na mão de senhores diferentes porém donos do mesmo maldito engenho.

 Sobreviva, viva!
 Querem mortos-vivos e dão desculpas de que existem zumbis na madrugada para os cães deles brincarem de matar. 

 É triste ver leões e leoas governados por ratos e com medo dos cães. 

A pistola manda a bala perdida pro endereço da cabeça que incômoda o senhor, a bala só se perde onde tem mais favela, porque onde tem mais cobertura eles não atiram pro alto. 

Pé descalço com a bola, estomago vazio não rola, não basta.
"A gente não quer só comida" falou que comida era "Só" quem tava de barriga cheia. Diversão e arte pra eles é tortura.

Reis e rainhas do passado, dando forças pra seus filhos do presente, você tem sangue de guerreirx nas veias, e as veias abertas da favela só vão parar de sangrar quando você for capaz de estancar

Eles te negam a cura e te empurram a morte goela a baixo. 
Vão tentar te comprar, vão tentar te vender, vão tentar de adestrar, vão querer te ver pedindo cigarro pros tiozinhos no ponto com o dente todo zoado e o bolso sem nenhum conto.

Mas você é forte, você pode, olhe pelo seu irmão, olhe pela sua irmã, não seja isento do se papel, você pode, juntos somos fortes, mentes, vozes e braços. Mais uma vez o que vejo pela janela é triste, mas por uma fresta entra luz, é possível, levante, lute, acredite, erga-se!"

 - Medusa "Erga-se"

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Agridoce

Das obrigações que pesam nos ombros até a sensação de estar livre
por entre caminhos novos porém antigos e bonitos que fazem as cores da cidade parecerem tão mortas, mas é a cidade! 

Lá de baixo da pra ver uma bucólica e bonita aura que se espalha pelos olhares do local. E a cabeça continua pensando na moça de contas na cabeça. 

Do pesar parado da sua cabeça caminhando, espalhando as ideias em direção ao mar, eu amo o mar. De frente com ele, mandando o que sei desse mundo pra ver se o próprio me ensina a aprender.

O gole gelado que desce por dentro da garganta alivia a conversa agressiva que comunga com a mente do irmão. Dos ratos que ficam dentro de suas tocas até os pássaros que vem beijar a minha a mão. E eu continuo a pensar na moça de abraço que me derrete.

Do laranja com dourado que vem no final combinando com o sol que vai tocar no mar. Até o escuro e cinza da noite de chuva e da fumaça das máquinas estúpidas que insistem em nos atrapalhar.

Por entre as telas que trazem os gritos dos que agridem aqueles que não se incomodam. Até a sensação gostosa de quem sabe incomodar. Adrenalina, gosto de secura na boca, olhos abertos e o mar negro do asfalto parece que vai te engolir.

Da chegada em casa com sabor de conversa na rua até o cheiro do café que, com leite, desce pela garganta. Com a xícara na mão, eu quero sonhar com a moça que percorre a minha cabeça e depois do desejo exposto a conclusão ao final do gole: é, hoje foi um bom dia.

domingo, 27 de julho de 2014

Quem é ela?

"Ainda lembro quando ela passou caminhando por dentro da minha cabeça, zombando do meu olhar perdido de quem não sabia nem o que pensar enquanto exalava todo o desejo que o mundo pode ceder a alguém. Quando minhas mãos percorriam seu vestido de papel de arroz tirando uma alça de cada vez, e ela sorria como quem achava graça do meu sorriso.

E logo pela manhã ela fazia o dia ficar mais bonito quando adoçava a minha boca com seu gosto de paixão madura. Tentava desviar a atenção, me mostrava outras, mas era impossível parar de prestar atenção nela. E todxs me perguntavam a mesma coisa: quem é ela?

Todxs querem saber quem é ela, quem é você? Menina moça de olhar de sol que brota até no asfalto do meu coração a vontade de ser flor. Renasce em dias de chuva junto com a brisa que se apresenta ao seu pedido pro sol voltar. 

E mesmo assim todxs querem saber: quem é ela? Quem são todas elas, nenhuma delas. Ela que faz o mundo inteiro cair de vontades por seus beijos, passa todo dia a beijar meus olhos com seu caminhar leve por dentro da minha cabeça e até quando machuca faz sarar.

E quando perdido, ela me abraça, me destrói e estraçalha, mesmo sem querer. Quando tentou fugir me achou e quando tentou se achar me perdeu e hoje se encontra perdida por dentro das minhas vontades de me perder ao te encontrar. Mesmo assim ainda perguntam: quem é ela?

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Vindas e voltas

"E as tuas pernas ao redor da minha cabeça me contam segredos que eu já sabia mas não me canso de escutar.
E os meus cabelos ao redor dos seus dedos te revelam um eu que você já conhecia, mas não se cansa de conhecer.
Dos nossos abraços a ideia da eternidade parece um lampejo, rápido, voraz, devastador.
Devasta a dor de saber das suas lamúrias enquanto desejo que da sua língua só saia mel ainda experimento veneno.
As tuas coxas ao redor da minha cabeça me contam notícias velhas que parecem segredos novos.
E dos filhos do cosmos você pode sentir pela primeira vez o que eu sinto todos os dias entre uma noite e outra.
E os teus cabelos presos à nuca que presa a minha mão te arrancam a respiração a cada bomba que explode dos nossos lábios.
E a negação que afirma que você é aquilo que eu não esperava e não desesperava enquanto nem sabia dos segredos repetidos que você iria me contar.
A tua presença ausente que mata os meus dias e todos os minutos ausentes de tempo que a sua presença faz reavivar.
A cada passo que os teus pés correm eu percorro o caminho que você ainda vai andar.
E no final é preciso voltar ao início, acordar cedo e encarar o diário precipício e ficar torcendo para que no subir da lua você ainda tenha segredos repetidos que possam me interessar"

terça-feira, 24 de junho de 2014

Calma inquietude

"E o pulo maluco no peito que o coração deu
 só com um "oi" seu
 e eu já me vi todo sem graça
 catando assunto, tentando não ficar mudo
 correu você esparramada pela minha cabeça
 e é melhor eu me segurar antes que enlouqueça

 E para que eu não me esqueça
 toda essa suposta fraqueza
 na verdade é fortaleza
 que faz de um "homi" grande
 toda pequeneza
 de se abestalhar

 E se fosse pra daqui a pouco
 nenhum tempo seria muito ou pouco
 pra te esperar
 e não desesperar
 eu posso até calar
 mas só se for pra ouvir os teu zoim falar

 E se você me mandar pastar
 alguém vai ter que desapartar
 porque cabeça e coração vão brigar
 meu corpo vai xingar
 vai ser tudo num lampejo
 e minha boca se contorce de desejo

 Mas é tudo remendado por aqui
 por cada traço um passo
 pra cada passo uma marca
 pra cada marca um marco
 pra cada marco um passado
 e no presente?

 VOCÊ

 E do futuro?
 não sei
 e se você for rainha?
 eu rei
 e se não me quer?
 errei

 E se quiser?
 nem que seja um pouquinho
 vai ser pra lá de lindo, mais que bonitinho
 eu te faço muito mais de dois carinhos
 dos boas noites aos bons dias

Se você me dançar um minuto, moça
eu te poetizo todos os dias"


- Cosmos

terça-feira, 17 de junho de 2014

Porões

"Eram porões lotados que cruzavam o mar
 levando minha gente para qualquer lugar
 era rato, doença, sujeira e miséria
 era mais um corpo que sucumbia
 mais vento que sobrava nas velas

 Eram correntes, açoites e um mercado
 olhavam nossos dentes, nosso tamanho
 como carga a ser avaliado
 era o senhor que mandava 
 o chicote estalava
 mas mesmo assim a gente cantava

 vieram reis, rainhas e princesas
 crianças perdiam a sua pureza
 e o chicote estalava numa noite sem estrela
 num golpe deles a lei que nos libertou
 não tem sequer a nossa cor

 Antes era o chicote na mão do feitor
 antes era a ordem que vinha do senhor
 agora é o cassetete na mão do fardado
 agora vem a ordem do novo senhor engravatado
 antes nos quilombos nos corres contra a morte
 agora é na quebrada tendo que contar com a sorte

 O sangue corre pela escadaria
 lá de cima eu ouço Maria 
 desesperada...foi mais um zé
 mas você não viu
 antes morria na garruncha
 agora é no fuzil

 E dos novos senhores de engenho
 ódio é o que eu tenho
 mas é bom não desacreditar
 porque quando a revolta juntar
 não vai ficar um pra escapar
 antes era aquele maldito porão
 agora é o maldito camburão a me transportar"

 - Cosmos 


terça-feira, 27 de maio de 2014

Enguiço enfeitiçado

Eu sou um enguiço procurando por feitiço pra me enfeitiçar
Queria eu ser estrela pra que nem os passarim poder no céu avoar
Avoado seria eu se não tivesse como enguiço num feitiço me misturar
Feito planta nova que brota no chão 
Precisa de muito cuidado
Pra ninguém pisar

Eu achei o feitiço pra poder com esse enguiço se misturar
Pra poder me perder na herança genética das estrelas
E entender que a vida e a volta é tudo de lá
De lá do lado de cá 
Onde quem tá voltando nunca foi e quem foi
Nunca irá

Aquela coluna de nebulosas enguiçadas de feitiço
Causam maior rebuliço em quem nunca soube enfeitiçar
Eu sou um enguiço que atrás de feitiço sair e não pude voltar
E de todas as coisa que se pode mudar
Mudo o enguiço, mas não mudo o feitiço
Pode desandar

Aqueles olhinhos marejados dos enguiços não misturados
Agora "desmarejaram" depois de enfeitiçar
E mande trazer aquelas coisas todas bonitas
Pra poder te enfeitar

O enguiço mal visto na frente do espelho
Se enfeitiça atoa por qualquer lábio vermelho
E saia de baixo da saia pra eu poder fazer isso
Enfeitiçar até quem num é disso e fazer todo mundo
virar enguiço pra se misturar"

sábado, 24 de maio de 2014

A dor, o deserto e o despertar

"Há que se tomar cuidado
Aqueles que sopram ventos agourentos em sua direção
Ensanguentado, jogado no chão
Já posso sentir os malditos urubus voando
É o cheiro da minha carniça em vão

Vão! Todos se vão
Deixem só o deserto seco e frio
Não esperem por nada
É o maldito pesadelo
A primeira bicada

Maldito gosto de fumaça suja
A ausência dos meu sentidos
E eu não estou sonhando
E eu não consigo me mexer
Mais uma bicada

A dor estranha das minha entranhas
Expostas no deserto absurdo e surreal da minha própria cabeça
A bizarra ferida que nunca se fecha gritando ao urubus
Destruam a minha carne ridícula e me libertem!
Minha alma quer dançar

Últimas bicadas
Pedaços arrancados e postos no lugar
A lua lindíssima abraçada com o sol
E eu abri os olhos
Banho frio, café preto... É hora de levantar"

- Cosmos

sexta-feira, 25 de abril de 2014

A gota

"Enquanto o azul se desfaz
em poeiras cósmicas
E um branco
Raio de Zeus
Eu não posso definir
Quais amores
são meus
e são teus

Enquanto a boca seca
Clama por eclipse lunar
A minha boca molhada
Clama teu eclipse solar
Enquanto o grau
Passa pela mao
A temperatura fria
Da impressão moral fria
Crua
E cruel
Como quem vai pintar
O arco iris
em cor pastel

Mas no final te dou o mel
Que adoça o céu
O paraíso mel
Nunca experimente meu fel"

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Sobre listras e espinhos

Os espinhos fazem parte de todas as flores e completam sua beleza (pra quem?) 
estão presos, colados, agarrados a sua essência que aproxima pela exuberância de suas cores fazendo qualquer distraído se furar, 
ao tirar os espinhos de uma flor, flor ela ainda continua a ser? 
Você imagina um tigre sem as suas listras? 
Imagina um tigre se desfazendo daquilo que o torna tigre em si?

Gosto de estar em meio aos rejeitados (sou um deles) 
gosto da madrugada 
gosto quando passa da meia noite. 
Fico detestável quando chega as seis da manhã 
apesar de achar o sol nascendo uma das cenas mais lindas, 
é só pra isso que as seis da manhã servem.

Mas também gosto da calmaria que antecede tudo 
gosto de ter onde me deitar, 
onde olhar núcleos que fervem como sóis queimando dentro da iris cercada pelo rosto enfeitado pelo sorriso espontâneo de quem acabou de dar e receber amor...

Negar a todas essas coisas seria como se um tigre negasse as suas listras 
e reduzir tudo isso a simples loucura de uma mente quase incompreendida 
seria como reduzir toda a beleza das flores a um mero truque para fazer com que se cortem, 
como se as próprias flores não sentissem também o gosto do sangue daqueles que distraídos se cortam 
ou como se o tigre não se orgulhasse de tudo que o torna ele.

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Caçador de cores

"Voltando para casa
Com potes cheios de borboletas arco-íris
Eu espeto uma por uma no isopor
Enquanto arranco suas asas multicoloridas
E coloco num "dichavador"
Depois de bem moídas
Coloco as asas diante do meu cachimbo
Feito de madeira da última floresta
Da última nação em que existia amor
Acendo com um palito de fosforo branco
E me entorpeço da fumaça multicolorida
Depois sento calmamente
Na minha poltrona feita de couro de unicórnio
Enquanto leio as manchetes nos jornais:
AMOR É ENCONTRADO MORTO NUMA VALA,
Razão vai presa e diz:
“Dei dois tiros na cabeça,
Claro que eu tinha intenção de matar”
Entro no quarto
Ainda sob efeito da fumaça colorida
Na gaveta eu pego minha última reserva de pó de estrela
Enquanto chove lá fora
Eu abro a janela e deixo um raio atingir a minha cabeça
As manchetes dos jornais continuam feias
Eu preciso sair daqui
Preparo um chá com as flores fluorescentes que brotam das nuvens
Como última tentativa de conseguir ver todas as cores
No outro dia leio a manchete:
"Homem encontrado morto vivo após overdose multicolorida"

terça-feira, 18 de março de 2014

Une)(Versos

E foi quando eu pensei que tudo estava terminado que você me apareceu. Como um ar novo de primavera que vai colocando pra fora todo o inverno que existe, traz vida nova, traz vontades novas. Me causando sentimentos novos, coisas que eu sequer sabia que era capaz de sentir.

Me fazendo sorrir, não atoa, atoa não. Com motivo, muito motivo. Você é o motivo do meu sorriso, motivo dos suspiros diários, motivo em ver beleza em tudo. Quando perdido fiquei nas voltas cacheadas dos seus cabelos, congelado, petrificado, atraído pelo poder do seu jeito de quem quer mudar o mundo.

Tão cheia de sonhos, tão cheia de atitudes lindas que foram me ganhando, me ganhando... sou todo seu, sou tudo seu, por inteiro... seu. Te tirar do chão fazer seus pés caminharem nas nuvens insanas dos meus desejos. Colocar você no meu colo e te mostrar tanta coisa do meu mundo que parece que eu só estava guardando pra você.

Leolinda, menina/mulher sapeca. Com sorriso de luz magnética que me puxa pro seu mundo. Rainha cacheada, encantada que me levou pro seu reino e me pôs do seu lado. Eu fico assim: menino besta, todo encantado e feliz de estar em meio a tanto emaranhado.

Nós dois, não cabe mais nada, mais ninguém, seu mundo, meu mundo, nosso mundo. Menina, linda, ciumenta... eu quero estar nas galáxias do seu universo porque na minha cabeça você já é quem une versos do meu universo.

segunda-feira, 10 de março de 2014

Caixa de vidro

Todas as paredes transparentes deste lugar... deve ter o que, um ano? Por aí. As pessoas chegam perto, olham, comentam, algumas admiram, colocam a mão pra eu retribuir o gesto e eu retribuo. Mas elas vão embora, sempre vão... e eu volto pra dentro, eu nunca sair de de dentro na verdade, essa maldita caixa de vidro, maldito vidro blindado.

Ninguém entra, ninguém sai, mas as paredes transparentes dão a sensação de que as pessoas podem entrar ou de que eu posso sair. Maldita caixa de vidro, queria poder te quebrar, te estraçalhar em mil pedaços, sair correndo... encostando de verdade nas mãos que eu só "toquei" pelo vidro da caixa... maldita caixa de vidro, com toda sua transparência mentirosa.

Bendita caixa de vidro que me protege dos males que eu vejo daqui de dentro atingindo as pessoas lá de fora... tantas lágrimas... como deve ser lá fora? A água já está no pescoço, será que eu vou me afogar? Será que as pessoas que amam me assistir, enquanto é bom para elas, vão ser as mesmas que vão me salvar ou vão apenas lamentar no meu velório?

A água está no pescoço e eu ainda não sair da caixa de vidro.

segunda-feira, 3 de março de 2014

Ficar

Não, eu não vou me fazer de morto no dia seguinte, não tem porque. Seria algo sem lógica alguma, não teria porque, você já entendeu que eu não tenho problema pra conseguir satisfação física e não é disso que eu falo quando estou sentindo você seja do outro da tela ou da linha. Quando eu ouço sua voz dengosa de sono, quando você se abre e de longe aperta minha mão. 

Por que diabos você consegue confiar em alguém que você nunca sequer deu um abraço? Por que você anceia por um beijo que você nunca experimentou? Não cabe se fazer de morto no outro dia. Se sem nunca ter sentido a sua pele ou as suas unhas negras de tigresa me arranhando eu já me sinto bem vivo, imagine quando for eu o leão entendo que a tigresa manda mais?

Eu fico se você ficar e se você sair... eu fico. E se você me mandar sair, vou dizer que saio só pra te ouvir me pedindo pra ficar. E se você fizer cena de ciumes, vou dar risadas só pra você ficar mais brava ainda, até me bater.

Acho que depois de tanto navegar vislumbro o que parece ser um cais. Ainda existem nuvens que impedem que eu veja se de fato existe um porto ali, mas o seu farol já me guia. Espero sinceramente que seja o tão esperando cais, espero poder recolher minhas velas e largar um pouco o timão. Até o maior apaixonado pelo mar precisa de terra firme que seja o seu porto então o meu seguro.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Bancos de areia

    "A desculpa de quem não consegue cativar ninguém é se dizer        difícil de ser cativado"

Você sabe qual é um dos piores acidentes que podem ocorrer no mar? Você ir todo empolgado dar um mergulho e bater a cabeça num banco de areia. Algumas pessoas são exatamente assim, você as acha profundas, mergulha nelas, dar o que tem e o que não tem, mas na verdade elas são bancos de areia. 

Assim como um acidente com banco de areia, bater a cabeça nessas pessoas pode te deixar sem movimentos do pescoço pra baixo, um objeto, vegetativo. Elas fazem isso com você, colocam um pouco de mar por cima de sua forma rasa e deixam que você mergulhe loucamente, depois dão a desculpa de que foi você que não viu.

Pise e olhe bem onde você vai mergulhar, você vai odiar a sensação de cair num banco de areia e mesmo que não aconteça nada grave a você, só a sensação do engano já é muito ruim, frustração das grandes. Existe o discurso do "Não crie expectativas para não se machucar" então me diga que você não criou expectativas ao vir ler esse texto...


























































































































































































me diga que você não criou expectativa se ele teria um fim ou não. Na prática a teoria é outra.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Indomável ventania

Você já tentou segurar o vento? Já tentou conter uma força da natureza que passa direto e alheio as suas vontades, não importa o quanto você se esforce, ele não se detém a você? 

Algumas pessoas são como o vento, tem a capacidade de acalmar aquele calor insuportável que algumas pessoas que são como um sol violento de verão causaram ou tem o poder de levar pra longe com o seu sopro outras pessoas que são como nuvens pesadas de chuva que estão sobre a sua cabeça.

Mas nunca tente segurá-las. O vento é assim, ele passa e vai, você deve fechar os olhos e aproveitar todo o bem que ele está te fazendo e quando ele for embora é bom que você espere outro vento passar. Se primeiro foi uma brisa, espere por uma ventania dessa vez, mas se você acabou de passar por um vendaval, é bom que agora venha uma boa brisa.

Há quem consiga prender o vento, o próprio vento, correntes opostas que se encontram e juntas se entrelaçam, não dá pra chamar laço de prisão. 

Quintana disse que o problema do laço é quando ele vira nó, mas o que Quintana esqueceu de dizer é que todo laço começa num nó e que o laço é só a demonstração de como um nó pode terminar bonito, mas quem sou eu pra dizer o que Quintana esqueceu se não vento que corre solto a aliviar calores e soprar chuvas pra longe até que uma corrente contrária transforme esse nó de vento em laço de brisa boa do mar?  

sábado, 11 de janeiro de 2014

Electromagnetismo

Quando sentaram sob aquela sombra dos concretos pintados, aquele ventinho gostoso bateu nos rostos dos dois e ele olhou com calma pra ela, foi algo tão forte que ele não teve coragem de tirar os óculos por um tempo. Uma parada, um intervalo no tempo, nunca cinco minutos de conversa passaram tão rápido e tão devagar ao mesmo tempo...

   "Calma, vamos conversar um pouco mais, me conte mais de você"

Um sorriso tímido nos lábios dela e ele um tanto quanto encantado. Só teve coragem de tirar os óculos escuros depois que a beijou pela primeira vez, o beijo que o fez sentir-se fora do chão, aquele beijo naquela boca quase que desenhada pelo mais talentoso artista, que se encaixava perfeitamente com a dele, aquele primeiro beijo e o sentimento de ter estado, por alguns segundos, num transe perfeito logo depois que as bocas se separaram. 

A sensação de que ela tinha um electromagnetismo, fazia ele acreditar ser feito de metal. A calma simples no toque, cada pedaço de verdade contido nos gestos, os carinhos sem pressa, parecia que o tempo estava parado ali.

Olhar nos olhos dela foi como colidir com o espaço sideral puro, como se naquele olhar estiveram contidas milhões de sensações que ele adoraria se arriscar em experimentar, ela olhou de volta, você sabe como é olhar pra um lugar tão lindo que dá vontade de ficar olhando pra sempre?

O discurso dele sobre liberdade, sobre as formas de amar as pessoas, de amar uma pessoa só ou de amar todas, como se vivesse mil vidas, como se quisesse mostrar todas as vidas pra ela. 

Infelizmente o tempo não parou, ela precisava ir embora, as mãos dadas até o fim do caminho e a certeza de que muito mais iria acontecer depois, davam um certo alívio na despedida, o depois, a noite a dentro, tudo adentrando a alma que se espremia em palavras na tentativa de fazer carinho na alma dela, até o boa noite. Duas despedidas no mesmo dia, era demais pra ele.
      

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Silênciosa

Ainda me lembro quando ela desceu as escadas com aquele vestidinho preto, numa sexta feira, naquele calor desgraçado, a cerveja parecia fazer um milagre no meu corpo, ficou tão pouco, deu nem deu tempo de conversar... A timidez concentrada de uma pisciana cheia de ideias, cheia de coisas pra falar. 

Tudo preso num silêncio eloquente, tímido, outros dias se seguindo, atrás do casarão, um, dois, três, muitos beijos... Uma parada, outras pessoas, outras vontades. O punho cerrado no espelho de Vênus desenhado no ombro direito, deixavam algumas coisa bem claras, não vá de vez, também não tenha medo, ela é doce, ela é mulher, ela é ela. 

Aquele silêncio eloquente falava tantas coisas no olhar, os ramos de flores que subiam da sua perna davam a impressão que ela fazia nascer vida por onde passava, traz em si uma vontade de ouvir, mesmo quando ela não quer falar, eu no meu jeito falastrão de quem se acha, conseguia manter conversas com ela, admirada ela foi tentando me sacar e perdeu o medo de falar.

Hoje é uma troca de lindeza, de ideias, de conselhos até, cheia de si mesmo, precisa compartilhar tanto, tanta personalidade contida, como se fosse uma panela de pressão, tem um beijo bom, um abraço gostoso, uma pele gostosa de tocar e uma mente admirável, o jeito meigo de falar dá vontade de encostar o ouvido, é alguém que não se deve deixar passar, que você acolhe, que você planta e colhe.

"É sério que escrevi isso?"

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Termodinâmica

Em cada passo que ficou pra trás, passa uma multidão de sentimentos alheios ou não. São descontinuidades, quebras de pontos fixos, que aparentemente você achava que não iriam passar. Você se lembra da última vez que se pegou achando que iria parar em algum ponto?

A verdade é que existe uma dinâmica louca nas coisas todas, mesmo quando você tem aquela sensação de que tudo parou. Existem pessoas, lugares, momentos que são o nosso -273ºC, o nosso zero absoluto, a sensação do fim do movimento de todas as partículas, conhecidas ou não, do nosso corpo, do nosso tempo, da nossa vida.

Mas na verdade, essas pessoas, lugares, momentos, são apenas o nosso -272,9ºC, apenas te fazem sentir, achar, chegar perto de pensar de que tudo parou, mas o movimento constante da vida te arrasta e te faz perceber que o seu zero absoluto é uma ilusão absolutamente movimentada. 

E como é bom o movimento, como é gostoso sentir-se vivo, aquele abraço, aquele beijo, que não tem sequer vinte e quatro horas e você ainda sente na pele, aquele toque quente que reage quimicamente na mágica biológica das almas que se encontram em um  plano fisicamente desconhecido e metafisicamente real.

Não procure pelo seu zero absoluto, pelo contrário, procure pelo o que te faz entrar em ebulição o que te derrete o coração, descongela o cérebro e aquece a alma, procure pelo olhar onde dar prazer mergulhar. Não seja o zero absoluto de ninguém, quando tudo parecer congelar, movimente-se e só pare quando for aquela pele que te faz sentir-se quente, até quando você se sente no seu zero absoluto.