domingo, 27 de julho de 2014

Quem é ela?

"Ainda lembro quando ela passou caminhando por dentro da minha cabeça, zombando do meu olhar perdido de quem não sabia nem o que pensar enquanto exalava todo o desejo que o mundo pode ceder a alguém. Quando minhas mãos percorriam seu vestido de papel de arroz tirando uma alça de cada vez, e ela sorria como quem achava graça do meu sorriso.

E logo pela manhã ela fazia o dia ficar mais bonito quando adoçava a minha boca com seu gosto de paixão madura. Tentava desviar a atenção, me mostrava outras, mas era impossível parar de prestar atenção nela. E todxs me perguntavam a mesma coisa: quem é ela?

Todxs querem saber quem é ela, quem é você? Menina moça de olhar de sol que brota até no asfalto do meu coração a vontade de ser flor. Renasce em dias de chuva junto com a brisa que se apresenta ao seu pedido pro sol voltar. 

E mesmo assim todxs querem saber: quem é ela? Quem são todas elas, nenhuma delas. Ela que faz o mundo inteiro cair de vontades por seus beijos, passa todo dia a beijar meus olhos com seu caminhar leve por dentro da minha cabeça e até quando machuca faz sarar.

E quando perdido, ela me abraça, me destrói e estraçalha, mesmo sem querer. Quando tentou fugir me achou e quando tentou se achar me perdeu e hoje se encontra perdida por dentro das minhas vontades de me perder ao te encontrar. Mesmo assim ainda perguntam: quem é ela?

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Vindas e voltas

"E as tuas pernas ao redor da minha cabeça me contam segredos que eu já sabia mas não me canso de escutar.
E os meus cabelos ao redor dos seus dedos te revelam um eu que você já conhecia, mas não se cansa de conhecer.
Dos nossos abraços a ideia da eternidade parece um lampejo, rápido, voraz, devastador.
Devasta a dor de saber das suas lamúrias enquanto desejo que da sua língua só saia mel ainda experimento veneno.
As tuas coxas ao redor da minha cabeça me contam notícias velhas que parecem segredos novos.
E dos filhos do cosmos você pode sentir pela primeira vez o que eu sinto todos os dias entre uma noite e outra.
E os teus cabelos presos à nuca que presa a minha mão te arrancam a respiração a cada bomba que explode dos nossos lábios.
E a negação que afirma que você é aquilo que eu não esperava e não desesperava enquanto nem sabia dos segredos repetidos que você iria me contar.
A tua presença ausente que mata os meus dias e todos os minutos ausentes de tempo que a sua presença faz reavivar.
A cada passo que os teus pés correm eu percorro o caminho que você ainda vai andar.
E no final é preciso voltar ao início, acordar cedo e encarar o diário precipício e ficar torcendo para que no subir da lua você ainda tenha segredos repetidos que possam me interessar"