sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Erga-se

"Miséria, fome, tragédia
 A tv quer te iludir, comédia
 Não VEJA, leia o capítulo quatro, deste capítulo o versículo três.
 O povo, passando pelo pior desde sempre na mão de senhores diferentes porém donos do mesmo maldito engenho.

 Sobreviva, viva!
 Querem mortos-vivos e dão desculpas de que existem zumbis na madrugada para os cães deles brincarem de matar. 

 É triste ver leões e leoas governados por ratos e com medo dos cães. 

A pistola manda a bala perdida pro endereço da cabeça que incômoda o senhor, a bala só se perde onde tem mais favela, porque onde tem mais cobertura eles não atiram pro alto. 

Pé descalço com a bola, estomago vazio não rola, não basta.
"A gente não quer só comida" falou que comida era "Só" quem tava de barriga cheia. Diversão e arte pra eles é tortura.

Reis e rainhas do passado, dando forças pra seus filhos do presente, você tem sangue de guerreirx nas veias, e as veias abertas da favela só vão parar de sangrar quando você for capaz de estancar

Eles te negam a cura e te empurram a morte goela a baixo. 
Vão tentar te comprar, vão tentar te vender, vão tentar de adestrar, vão querer te ver pedindo cigarro pros tiozinhos no ponto com o dente todo zoado e o bolso sem nenhum conto.

Mas você é forte, você pode, olhe pelo seu irmão, olhe pela sua irmã, não seja isento do se papel, você pode, juntos somos fortes, mentes, vozes e braços. Mais uma vez o que vejo pela janela é triste, mas por uma fresta entra luz, é possível, levante, lute, acredite, erga-se!"

 - Medusa "Erga-se"

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Agridoce

Das obrigações que pesam nos ombros até a sensação de estar livre
por entre caminhos novos porém antigos e bonitos que fazem as cores da cidade parecerem tão mortas, mas é a cidade! 

Lá de baixo da pra ver uma bucólica e bonita aura que se espalha pelos olhares do local. E a cabeça continua pensando na moça de contas na cabeça. 

Do pesar parado da sua cabeça caminhando, espalhando as ideias em direção ao mar, eu amo o mar. De frente com ele, mandando o que sei desse mundo pra ver se o próprio me ensina a aprender.

O gole gelado que desce por dentro da garganta alivia a conversa agressiva que comunga com a mente do irmão. Dos ratos que ficam dentro de suas tocas até os pássaros que vem beijar a minha a mão. E eu continuo a pensar na moça de abraço que me derrete.

Do laranja com dourado que vem no final combinando com o sol que vai tocar no mar. Até o escuro e cinza da noite de chuva e da fumaça das máquinas estúpidas que insistem em nos atrapalhar.

Por entre as telas que trazem os gritos dos que agridem aqueles que não se incomodam. Até a sensação gostosa de quem sabe incomodar. Adrenalina, gosto de secura na boca, olhos abertos e o mar negro do asfalto parece que vai te engolir.

Da chegada em casa com sabor de conversa na rua até o cheiro do café que, com leite, desce pela garganta. Com a xícara na mão, eu quero sonhar com a moça que percorre a minha cabeça e depois do desejo exposto a conclusão ao final do gole: é, hoje foi um bom dia.

domingo, 27 de julho de 2014

Quem é ela?

"Ainda lembro quando ela passou caminhando por dentro da minha cabeça, zombando do meu olhar perdido de quem não sabia nem o que pensar enquanto exalava todo o desejo que o mundo pode ceder a alguém. Quando minhas mãos percorriam seu vestido de papel de arroz tirando uma alça de cada vez, e ela sorria como quem achava graça do meu sorriso.

E logo pela manhã ela fazia o dia ficar mais bonito quando adoçava a minha boca com seu gosto de paixão madura. Tentava desviar a atenção, me mostrava outras, mas era impossível parar de prestar atenção nela. E todxs me perguntavam a mesma coisa: quem é ela?

Todxs querem saber quem é ela, quem é você? Menina moça de olhar de sol que brota até no asfalto do meu coração a vontade de ser flor. Renasce em dias de chuva junto com a brisa que se apresenta ao seu pedido pro sol voltar. 

E mesmo assim todxs querem saber: quem é ela? Quem são todas elas, nenhuma delas. Ela que faz o mundo inteiro cair de vontades por seus beijos, passa todo dia a beijar meus olhos com seu caminhar leve por dentro da minha cabeça e até quando machuca faz sarar.

E quando perdido, ela me abraça, me destrói e estraçalha, mesmo sem querer. Quando tentou fugir me achou e quando tentou se achar me perdeu e hoje se encontra perdida por dentro das minhas vontades de me perder ao te encontrar. Mesmo assim ainda perguntam: quem é ela?

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Vindas e voltas

"E as tuas pernas ao redor da minha cabeça me contam segredos que eu já sabia mas não me canso de escutar.
E os meus cabelos ao redor dos seus dedos te revelam um eu que você já conhecia, mas não se cansa de conhecer.
Dos nossos abraços a ideia da eternidade parece um lampejo, rápido, voraz, devastador.
Devasta a dor de saber das suas lamúrias enquanto desejo que da sua língua só saia mel ainda experimento veneno.
As tuas coxas ao redor da minha cabeça me contam notícias velhas que parecem segredos novos.
E dos filhos do cosmos você pode sentir pela primeira vez o que eu sinto todos os dias entre uma noite e outra.
E os teus cabelos presos à nuca que presa a minha mão te arrancam a respiração a cada bomba que explode dos nossos lábios.
E a negação que afirma que você é aquilo que eu não esperava e não desesperava enquanto nem sabia dos segredos repetidos que você iria me contar.
A tua presença ausente que mata os meus dias e todos os minutos ausentes de tempo que a sua presença faz reavivar.
A cada passo que os teus pés correm eu percorro o caminho que você ainda vai andar.
E no final é preciso voltar ao início, acordar cedo e encarar o diário precipício e ficar torcendo para que no subir da lua você ainda tenha segredos repetidos que possam me interessar"

terça-feira, 24 de junho de 2014

Calma inquietude

"E o pulo maluco no peito que o coração deu
 só com um "oi" seu
 e eu já me vi todo sem graça
 catando assunto, tentando não ficar mudo
 correu você esparramada pela minha cabeça
 e é melhor eu me segurar antes que enlouqueça

 E para que eu não me esqueça
 toda essa suposta fraqueza
 na verdade é fortaleza
 que faz de um "homi" grande
 toda pequeneza
 de se abestalhar

 E se fosse pra daqui a pouco
 nenhum tempo seria muito ou pouco
 pra te esperar
 e não desesperar
 eu posso até calar
 mas só se for pra ouvir os teu zoim falar

 E se você me mandar pastar
 alguém vai ter que desapartar
 porque cabeça e coração vão brigar
 meu corpo vai xingar
 vai ser tudo num lampejo
 e minha boca se contorce de desejo

 Mas é tudo remendado por aqui
 por cada traço um passo
 pra cada passo uma marca
 pra cada marca um marco
 pra cada marco um passado
 e no presente?

 VOCÊ

 E do futuro?
 não sei
 e se você for rainha?
 eu rei
 e se não me quer?
 errei

 E se quiser?
 nem que seja um pouquinho
 vai ser pra lá de lindo, mais que bonitinho
 eu te faço muito mais de dois carinhos
 dos boas noites aos bons dias

Se você me dançar um minuto, moça
eu te poetizo todos os dias"


- Cosmos

terça-feira, 17 de junho de 2014

Porões

"Eram porões lotados que cruzavam o mar
 levando minha gente para qualquer lugar
 era rato, doença, sujeira e miséria
 era mais um corpo que sucumbia
 mais vento que sobrava nas velas

 Eram correntes, açoites e um mercado
 olhavam nossos dentes, nosso tamanho
 como carga a ser avaliado
 era o senhor que mandava 
 o chicote estalava
 mas mesmo assim a gente cantava

 vieram reis, rainhas e princesas
 crianças perdiam a sua pureza
 e o chicote estalava numa noite sem estrela
 num golpe deles a lei que nos libertou
 não tem sequer a nossa cor

 Antes era o chicote na mão do feitor
 antes era a ordem que vinha do senhor
 agora é o cassetete na mão do fardado
 agora vem a ordem do novo senhor engravatado
 antes nos quilombos nos corres contra a morte
 agora é na quebrada tendo que contar com a sorte

 O sangue corre pela escadaria
 lá de cima eu ouço Maria 
 desesperada...foi mais um zé
 mas você não viu
 antes morria na garruncha
 agora é no fuzil

 E dos novos senhores de engenho
 ódio é o que eu tenho
 mas é bom não desacreditar
 porque quando a revolta juntar
 não vai ficar um pra escapar
 antes era aquele maldito porão
 agora é o maldito camburão a me transportar"

 - Cosmos 


terça-feira, 27 de maio de 2014

Enguiço enfeitiçado

Eu sou um enguiço procurando por feitiço pra me enfeitiçar
Queria eu ser estrela pra que nem os passarim poder no céu avoar
Avoado seria eu se não tivesse como enguiço num feitiço me misturar
Feito planta nova que brota no chão 
Precisa de muito cuidado
Pra ninguém pisar

Eu achei o feitiço pra poder com esse enguiço se misturar
Pra poder me perder na herança genética das estrelas
E entender que a vida e a volta é tudo de lá
De lá do lado de cá 
Onde quem tá voltando nunca foi e quem foi
Nunca irá

Aquela coluna de nebulosas enguiçadas de feitiço
Causam maior rebuliço em quem nunca soube enfeitiçar
Eu sou um enguiço que atrás de feitiço sair e não pude voltar
E de todas as coisa que se pode mudar
Mudo o enguiço, mas não mudo o feitiço
Pode desandar

Aqueles olhinhos marejados dos enguiços não misturados
Agora "desmarejaram" depois de enfeitiçar
E mande trazer aquelas coisas todas bonitas
Pra poder te enfeitar

O enguiço mal visto na frente do espelho
Se enfeitiça atoa por qualquer lábio vermelho
E saia de baixo da saia pra eu poder fazer isso
Enfeitiçar até quem num é disso e fazer todo mundo
virar enguiço pra se misturar"